Nova exposição permanente do secular museu portuense abre ao público esta quinta-feira. Há quatro anos que todas as áreas expositivas não estavam disponíveis.
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Quatro anos depois, o Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) volta a ter todas as suas áreas expositivas disponíveis para visitas, consumada que está a renovação da sua exposição permanente. A reabertura ao público acontece já hoje, no mesmo dia em que o primeiro-ministro visita o museu portuense.
O processo foi longo. "Até muito longo", admitiu ontem o seu diretor, António Ponte, quando confrontado pelos jornalistas sobre o facto de o prazo inicial de seis meses ter sido largamente excedido, reconhecendo que "terá faltado uma explicação à cidade" pelo protelamento da abertura.
Além "da pandemia e da guerra", o responsável justificou o atraso com a necessidade de "uma reflexão interna para encontrar narrativas para uma exposição que não queríamos que fosse apenas uma sucessão de objetos de arte".
Dessa discussão resultou o que diz ser "um conceito integrado", que torna possível a coexistência de diferentes expressões artísticas no mesmo espaço. Ao contrário do que era prática corrente, pinturas, esculturas ou artes decorativas estão juntas na mesma sala, quando tal se revela benéfico para a tarefa de "contar a história do museu a partir da sua coleção".
Do romantismo ao naturalismo, o visitante vai acompanhando - ao longo de 27 salas e 1900 metros quadrados - as diferentes etapas por que o museu portuense passou desde a sua criação, há 190 anos. Pelo meio, é dado amplo protagonismo a artistas como Soares dos Reis, Aurélia de Souza ou Henrique Pousão, os principais cartões de visita do museu.
Nas mais de 1800 peças em exposição, sobejam exemplos de obras que "não eram expostas há décadas", mas há também aquisições. Como o busto de Luís de Camões ou um álbum de viagens e anotações de Soares dos Reis, adquiridos pelos Amigos do Museu - Círculo Dr. José de Figueiredo.
Sem tecnologia por opção
Embora a próxima exposição permanente apenas esteja prevista para daqui a dez anos - quando o MNSR assinalar o bicentenário - estão prometidas renovações a cada seis meses. O protocolo estabelecido com a Fundação Calouste Gulbenkian irá permitir, por sua vez, que, anualmente, o museu exiba uma peça diferente de Amadeo de Souza-Cardoso, colmatando assim a ausência de obras do artista no acervo.
Uma das particularidades da exposição é a ausência de tecnologia de suporte, como audioguias. António Ponte reconhece que a opção está em contraciclo com as tendências atuais e até admite repensar a posição no futuro, mas assume o risco: "Queremos gerar uma experiência de contacto direto com a obra de arte".