Primeiro dia de reabertura dos museus e galerias de arte com enchente no Museu do Holocausto.
Corpo do artigo
Este é um dia histórico para a cultura", afirmou Graça Fonseca, ministra da tutela no dia em que se assinalou a reabertura dos museus, monumentos e galerias de arte, no âmbito do plano de desconfinamento do Governo, depois de quase três meses encerrados.
Apesar de o Governo ter indicado 5 de abril para a reabertura, este é um dia em que, por norma, os museus estatais estão encerrados.
No Porto, centenas de pessoas faziam fila, ontem ao início da tarde na Rua do Campo Alegre, para a inauguração do Museu do Holocausto. Na instituição só são permitidos 25 visitantes de cada vez e há um rigoroso protocolo de segurança na entrada, semelhante ao de um aeroporto, onde o público deixa todos os pertences.
José Domingos e Maria Rosa já estiveram em Auschwitz, na Polónia, e tinham muita curiosidade em visitar o espaço. "Nós vivemos no Marco de Canaveses, e como já sabíamos que ia abrir aproveitámos o dia de hoje, em que tínhamos de vir ao Porto, para o visitar", contam ao JN.
Karolyn Sampaio também foi uma das primeiras visitantes. "Adoro tudo o que sejam eventos das agendas culturais e este espaço é fundamental para aprendermos sobre os silenciados da História", afirma.
Hugo Vaz, curador do Museu do Holocausto, visivelmente emocionado com esta inauguração, disse que esperam muitos visitantes esta semana. Até finais de maio, as visitas à instituição são gratuitas. Aqui é possível "individualizar" o que a comunidade judaica viveu um pouco por toda a Europa, como num dos núcleos em que é retratada a sua vida antes do Holocausto.
Lufada de ar fresco
Se no Campo Alegre havia uma agitação ímpar, o mesmo não se pode dizer do Quarteirão das Artes. A Rua de Miguel Bombarda, o seu epicentro, encontrava-se praticamente deserto ontem à tarde, à exceção de uma pequena cerimónia de casamento que animava os transeuntes.
Paula Amoroso Lopes, da Galeria São Mamede, uma das poucas que se encontrava aberta, estava desanimada. "Isto está tudo muito esquisito. Até ontem ainda tinha ali uma bandeirola da exposição de novembro porque a de janeiro não abriu. As pessoas vão começar a aldrabar tudo e depois teremos de fechar outra vez."
Em Serralves, com a inauguração de uma exposição de Jorge Molder com obras da coleção de Serralves, na Biblioteca já havia movimento às 10 da manhã. Fernanda Bastos lá estava, acompanhada pela irmã. "Apesar das máscaras, isto é uma lufada de ar fresco nas nossas vidas", comentou. "Foi uma excelente ideia inaugurarem hoje. Nós já vimos todas as outras exposições e estávamos ansiosas por esta". A família Oliveira também se reuniu para vir de Esposende ao Porto visitar a instituição. "Alguns não conheciam Serralves e esta foi a data ideal", conta o filho Hernâni.
Rita Subtil também estava no Museu com o filho bebé, mas para visitar o parque. "Desde que se tornou possível, há duas semanas que temos vindo regularmente passear."