O músico cabo-verdiano Tito Paris lamentou, este sábado, a morte de Cesária Évora, companheira de palcos e de brincadeiras, salientando que a música da cantora não morre e será ouvida "até ao último dia das nossas vidas".
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Tito Paris disse estar "muito triste" com a morte da sua amiga, referindo que "o mundo da música e Cabo Verde a partir de hoje ficaram mais pobres, tal como enriqueceram no dia em que ela nasceu".
"O artista e o poeta praticamente não morrem. Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária até ao fim da nossa vida, ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas", considerou.
Tito Paris recordou as "brincadeiras" de muitos anos de cumplicidade com a cantora, uma "pessoa muito bem disposta, muito porreira" que praticamente o viu nascer.
"Eu fazia-lhe cócegas, ela tinha muitas cócegas, e brincava com ela chamando-lhe 'a minha namorada', dizendo que ia casar com ela. Ela respondia-me: 'você diz isso só no meio das pessoas, quando estamos sozinhos você não diz nada disso'", recordou.
Quando ia a casa da cantora, Tito Paris tinha também especial gosto em provocá-la, abrindo as suas gavetas e indo-lhe ao frigorífico, o que levava Cesária Évora a censurá-lo: "você pensa que isto aqui é a sua casa?!".
O músico, que produziu o primeiro disco a solo de Cesária Évora, lembrou ainda "os vários momentos em palco" que ambos tiveram.
"Vou ficar com saudades desses momentos", acrescentou.