Vai-m"à Banda traz dois dias de concertos e vinho de malga a Guimarães. Filipe Sambado, Maria Reis, Chinaskee e Fumo Ninja formam o cartaz.
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Entre um gole de verde tinto e uma dentada num bolo de sardinha, está de regresso um festival emblemático de Guimarães. O Vai-m"à Banda deste ano tem quatro concertos em dois palcos divididos por dois dias e por muitas tascas da cidade berço.
Ao contrário de outros anos, em que a música acontecia dentro das tascas, a pandemia obrigou a que os espetáculos migrassem para o exterior. "Escolhemos largos que são próximos, assim as pessoas têm tempo entre concertos de visitarem as tascas e beberem uma malga", justifica Miguel de Oliveira, da editora Revolve, que organiza o festival em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães.
Esta romaria moderna nasceu em 2017 "como uma tentativa de contribuir para a preservação de espaços que nunca se vergaram ao turismo, que nunca modificaram a sua natureza", explica o organizador. No fundo, diz, "é arranjar uma boa desculpa para gerações mais novas de se juntarem com os amigos a consumir coisas que não consomem habitualmente, como o vinho verde de malga ou a cebola com vinagre".
Os bilhetes, gratuitos, podem ser levantados a partir das 15 horas de cada dia na tasca Expresso. Nesta antiga mercearia com mesa de pedra à porta, o senhor Clemente serve uns deliciosos petiscos frios com vinho verde a jorrar da pipa. As virtudes das tascas aderentes vão desde as receitas com mais de 50 anos da Adega do Ermitão, onde se come debaixo de um fresco penedo na Penha, passando pela gruta dos Amigos da Penha, pela língua destravada da dona Augusta da Adega dos Caquinhos, pelos famosos pregos do Tio Júlio ou pelos tradicionais petiscos da Taberna Trovador que quase relegam a música para segundo plano.
Da pop ao rock poético
Os concertos desta sexta-feira são no Largo Condessa do Juncal. Filipe Sambado, conceituado cantautor lisboeta, tem honras de estreia às 21.30 horas. Na senda da pop imediata, Filipe Sambado já desbrava os caminhos do seu próximo disco, "Dois anos de Escorpião em Touro". Segue-se o novo rock poético de Chinaskee (23 horas), alter ego musical de Miguel Gomes, que apresenta "Bochechas", disco lançado este ano.
No sábado, todos os caminhos vão dar à Montanha da Penha, onde Maria Reis (17 horas) continua a apresentar o disco "A flor da urtiga", lançado em abril e produzido por Noah Lennox (ou Panda Bear) dos Animal Collective. A lisboeta deixou para trás o frenético rock das Pega Monstro e tem-se reinventado a cada álbum a solo, colorindo paisagens de imensas cores através de uma pop rejuvenescedora. O festival termina com a estreia de um quarteto jazz pop chamado Fumo Ninja (18 horas).
O Vai-m"à Banda não promete o melhor cartaz dos festivais de verão deste ano, mesmo em tempo de seca festivaleira devido à pandemia. Promete, isso sim, o melhor vinho da pipa para a malga, o mais suculento bolo de carne ou sardinha, e quiçá o mais recheado caldo verde que a cidade berço tem para oferecer, numa experiência gastronómica e musical gratuita que deleita forasteiros e nativos, os primeiros porque querem conhecer e os segundos porque querem repetir.