Quim Barreiros regressa este sábado aos palcos. Mas, no mês das romarias, os cantores populares somam cancelamentos.
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"Qual é o melhor dia pra casar/Sem sofrer nenhum desgosto/o 31 de julho/porque depois entra agosto." Este refrão de Quim Barreiros valeu-lhe um concerto, todos os anos neste dia, depois de um convite feito por Miguel Alves, presidente da Autarquia de Caminha. Esta noite, no Forte da Lagarteira, em Vila Praia de Âncora, às 22 horas, o rei da música popular volta a subir ao palco, "depois de dois verões sem pôr um pé no palco", num concerto gratuito.
Aos 74 anos, Quim Barreiros, nunca esperou passar pelo que lhe aconteceu nestes dois últimos anos. A pandemia roubou-lhe os verões, as festas académicas, as festas populares, as romarias. Ou seja, como diz ao JN no tom jocoso habitual, "o meu habitat".
O último concerto que deu foi em Montemor-o-Velho, antes da pandemia. Um jejum que vai quebrar esta noite: "Vai ser uma alegria". Como o próprio explica, não é "um artista de auditório". "Isso é para outros colegas meus. Cada macaco no seu galho. Eu sou de saltar para o público e estar com muita gente." Diz que "há que confiar e colaborar" e que por isso, hoje, no regresso, estão garantidas todas as regras de segurança e distanciamento.
São essas mesmas regras que impedem João Pedro, emigrante, de ser este ano o mordomo da festa da sua aldeia, na Guarda. Queriam contratar Ruth Marlene, mas os planos ficaram mais uma vez adiados. "É da maneira que poupo", ironiza.
A cantora Rebeca teve este verão "40 concertos cancelados", revela o seu agente, Joaquim Henriques. "Vai ser mais um verão perdido para os cantores populares. Os principais espetáculos são em vilas, aldeias pequenas, ao ar livre, o que não permite ter o público distanciado." A esperança do agente é para depois do verão: "Em setembro vamos para França, Alemanha, Suíça e Luxemburgo, onde há comunidades portuguesas, e aí como está tudo em auditório é mais fácil".
Música sobre rodas
Este ano, o último espetáculo que Rebeca deu foi em julho num trio elétrico, nas festas das Caldas da Rainha. Percorreu vários concelhos, de Nadadouro a Couto, sempre com música sobre rodas.
A fórmula dos concertos em camião também foi a solução encontrada para o cantor Emanuel fintar a pandemia. Quem o refere é o seu agente, Samuel Monteiro. "Concertos como antigamente tem apenas no dia 10 de agosto em Góis. Uma autarquia que foi exemplar e cumpriu com tudo o que tinha acordado. E no dia 11 de setembro vai a Vila Viçosa."
Até se tornar um formato mais conhecido graças ao programa "Domingão", da SIC, "a música sobre rodas era algo que se usava uma vez de cinco em cinco anos", prossegue Samuel Monteiro, que acredita em novas surpresas. "Está a haver uma grande procura para o fim de agosto e para setembro, mas está tudo em cima do joelho", diz.