Tiago Guedes adapta aclamada peça de Suzie Miller, em cena no Teatro Maria Matos até ao próximo dia 10.
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Examinação minuciosa sobre o poder, consentimento e a lei, “À primeira vista” chega aos palcos portugueses depois de uma fulgurante carreira internacional.
Desde a estreia no Griffin Theatre, em Sydney, no ano de 2019, a dramaturga australiana Suzie Miller viu a sua peça ser apresentada nos emblemáticos West End de Londres e Broadway, assim como em teatros de todo o mundo. Pelo meio, ganhou mais de uma dezena de prémios, incluindo o David Williamson Award for Outstanding Theatre Writing e o prestigiado Major Australian Writers’, além de nomeações para cinco prémios Lawrence Olivier, e quatro Tonys.
Impressionado com a densidade psicológica do texto, Tiago Guedes assegurou a primeira encenação portuguesa de um monólogo em que Margarida Vila-Nova é protagonista. A atriz dá corpo a Teresa, uma brilhante jovem advogada oriunda de uma família humilde de classe trabalhadora. Com muito esforço, impõe-se graças ao mérito e trabalho, ganhando uma sólida reputação enquanto advogada de defesa.
A sala de audiências é o seu palco muito particular. Nele, defende, contrainterroga e ganha todos os casos que enfrenta, como se tivesse poderes acima dos demais. É quando se encontra no seu auge que Teresa se depara com um acontecimento abrupto que “a vai fazer confrontar as linhas onde o poder patriarcal da lei, o ónus da prova e a moral divergem, num cruzamento onde a emoção e a experiência colidem com as regras do jogo”, como explica o teatro lisboeta.
À semelhança de muitos outros textos da autoria de Suzie Miller, “À primeira vista” lida com a temática da injustiça e o seu impacto nos comportamentos humanos. Com formação em direito e ciência dos direitos humanos, a dramaturga explora em cada peça as consequências imponderadas das nossas ações e o modo como estas estão fundamentalmente dependentes de fatores externos.