
Yasujiro Ozu nasceu a 12 de dezembro de 1903 e morreu a 12 de dezembro de 1963.
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Dois filmes restaurados do mestre japonês, “História de um proprietário rural”, de 1947, e “Crepúsculo em Tóquio”, de 1957, voltam aos cinemas em cópias restauradas. Em dezembro há mais seis a caminho.
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Dos três grandes mestres do cinema japonês, Kenji Mizoguchi, Akira Kurosawa e Yasujiro Ozu, este último foi o mais tardiamente descoberto – a sua obra, à época, era considerada demasiado japonesa, logo pouco exportável. No entanto, desde as primeiras grandes retrospetivas em todo o mundo, como em Portugal, na Fundação Gulbenkian, que as paixões e os ensaios em torno da obra de Ozu não têm parado.
No dia 12 de dezembro comemoram-se os 120 anos do seu nascimento e, trágica ironia, também 60 da sua morte. Deixou uma obra de mais de meia centena de títulos, muitos dos quais ainda considerados perdidos, mas à medida que novas obras vão sendo descobertas, o assombro torna-se ainda, se é que isso é possível, maior.
É neste quadro que chegam esta quinta-feira às salas de cinema dois títulos imperdíveis da sua filmografia, em cópias restauradas: “História de um proprietário rural” e “Crepúsculo em Tóquio”. Em dezembro, outros seis títulos chegarão aos cinemas.
O primeiro filme data de 1947 e é a primeira obra de Ozu no pós-guerra, um conflito devastador para a sociedade japonesa, que se sente de forma clara no filme, apesar do caráter mais íntimo da trama, como sucede sempre em Ozu. É nesse pano de fundo que inscreve um dos seus sublimes e ternos contos familiares, em torno de uma criança abandonada, símbolo do seu país devastado, que vai “seduzir” uma viúva a tomar conta dele.
Damos o salto para 1957 e para o que é uma das obras mais assombrosas, comoventes e cinematograficamente perfeitas da história do cinema, “Crepúsculo em Tóquio”. A história de duas irmãs, de uma gravidez precoce, de um casamento infeliz, de uma mãe que regressa, de um pai que tenta educar as filhas como pode.
É o cinema de Ozu ao mais alto nível, neste seu último filme a preto e branco. Da construção matemática dos planos, em paralelo com o estudo profundo da natureza humana, à forma única como coloca a câmara e usa os espaços, trabalha com os seus atores – impressionantes Tetsuko Hara e Chishu Ryu – ou utiliza a música o som. Obra-prima absoluta.
