Artista norte-americano, galardoado com três Grammy, conseguiu a primeira enchente do derradeiro dia do festival, no Parque Tejo, e deixou a fasquia elevada para as compatriotas Camila Cabello e Doja Cat. Festivaleiros já circulam com dificuldade entre palcos, bastante mais concorridos este domingo do que no sábado.
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Foi ao som de um "clássico clássico" - "Closer", do álbum "Year of the Gentlemen" (2008) - que, para delírio de dezenas de milhar de fãs de todas as idades, Ne-Yo subiu este domingo ao palco principal do Rock in Rio Lisboa. O espetáculo ainda mal tinha começado e já artista e público davam sinais, quase em comunhão de vontade, do que aconteceria durante a hora seguinte: canções entoadas em uníssono e a plenos pulmões, palmas sincronizadas como se de uma orquestra se tratasse e saltos, muitos saltos.
"Isto é uma celebração da vida, uma celebração do amor e uma celebração da música", avisou Ne-Yo, antes de presentear a multidão com "Sexy Love", do álbum "In My Own Words", de 2006. Depois, chegou uma explicação do que seria o concerto. "Há dois tipos de canções: os clássicos clássicos, que já conhecem, e os futuros clássicos, aos quais peço que deem uma hipótese", disse.
Por perceber ficou, dada a adesão dos festivaleiros a todos os temas, quais são uns e outros. A exceção talvez seja o mais recente single "Two Million Secrets". "Esta canção é meio especial, é mais uma confissão", contou, aludindo a uma altura em que percebeu que "é só humano" e também "comete erros".
A pequena acalmia depressa deu lugar, porém, a novo êxtase coletivo, com a interpretação ou, nalguns casos, reprodução de "hits" de R&B que Ne-Yo foi compondo, ao longo dos anos, para outros artistas. Um dos temas foi "Let me Love You", interpretado por Mario e lançado em 2004. "Eu chorei bué a ouvir essa música", ouve-se, às tantas, entre a multidão que, até final, não arredou pé.
A passo lento
Mais dificuldade tiveram os festivaleiros em dirigir-se para os palcos secundários, onde começavam já os concertos do artista angolano Anselmo Ralph e do músico brasileiro Mc Cabelinho. "Acho que não vou ao Anselmo Ralph. Fico aqui para a Camila Cabello", comenta com as amigas, ao olhar para a confusão em redor, uma jovem que vibrou até final com Ne-Yo. Outros queixam-se de terem perdido, fruto do passo lento a que se saía das imediações do palco Mundo, o início dos concertos nos palcos Tejo e Galp.
Ao contrário do que aconteceu no sábado, em que os portuenses Ornatos Violeta e os britânicos James foram os únicos a conseguir atrair uma pequena multidão aos palcos secundários - curiosamente já então numa certa sobreposição com a atuação no palco principal de Macklemore -, este domingo o cenário tem sido esse desde que o DJ Danni Gato deu início à festa, pelas 15 horas.
O trabalho de dar continuidade a um dia em que todos os que acorreram ao Rock in Rio Lisboa parecem querer, simplesmente, dançar ao ritmo de verão cabe agora, já com a noite a chegar, a Camila Cabello, que se estreia pelas 20.40 horas em Portugal, no palco principal do festival. O espetáculo deverá durar até às 22 horas, seguindo-se a atuação da cabeça de cartaz Doja Cat. A lotação de 80 mil pessoas está esgotada.