
Sara Matos / Global Imagens
Museu em Estremoz inaugurou há exatamente dois anos e tem o maior acervo privado nacional de azulejos.
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O Museu Coleção Berardo estará instalado no Centro Cultural de Belém (CCB) até 1 de janeiro de 2023, mas esta não é a única instituição que tem obras do colecionador. No dia de hoje cumprem-se dois anos da inauguração do Museu Berardo Estremoz, mais um dos núcleos museológicos do empresário. Desde que o processo judicial começou e até à sua detenção efetiva (ver texto vinculado), Joe Berardo não parou de inaugurar museus.
O Museu Berardo Estremoz foi uma iniciativa conjunta da Coleção Berardo e da autarquia local, com um custo de 2,6 milhões de euros, financiada a 75% com fundos europeus.
Quando inaugurou a 25 de julho de 2020 foi classificada como a maior e mais importante coleção privada de azulejos de Portugal.
Composta por conjuntos azulejares in situ, com exemplares barrocos e rococó, património integrado no Palácio Tocha (Estremoz), e por mais de quatro mil e quinhentos exemplares móveis, datados do século XIII ao século XXI, a coleção permite percorrer 800 anos da História do Azulejo.
Esta instituição não foi caso único. Em abril de 2021, inaugurou em Alcântara, Lisboa, o Berardo Museu Arte Deco (B-MAD). No espaço, onde foi preservado o edificado e criados ambientes de época, estão patentes várias obras de Arte Nova e Deco.
Aqui estão criações de Jacques-Émile Ruhlmann, Alfred Porteneuve, Jean-Michel Frank, Jacques Adnet, René Lalique e Jules Leleu. Entre outros tesouros encontram-se os desenhos originais de Jacques-Émile Ruhlmann, para a Casa de Serralves e parte do acervo de desenhos de pratas da Antiga Ourivesaria Reis e Filhos, numa homenagem ao Porto.
Núcleos anteriores
Anterior ao processo é o núcleo do Funchal, nos jardins do Monte Palace, num edifício, construído de raiz, onde está instalado o acervo de escultura contemporânea africana do Zimbabué, integrando artistas do movimento artístico Tengenenge, desde 1966.
Também o impactante Bacalhôa Buddha Eden, no Bombarral - maior jardim oriental da Europa - foi criado em 2016, como protesto contra a destruição dos Budas Gigantes de Bamyan, no Afeganistão. Aqui estão expostos budas, pagodes, estátuas de terracota e esculturas de vários artistas como Joana Vasconcelos, Alexander Calder, Fernando Botero, Tony Cragg, Lynn Chadwick e Allen Jones, entre outros.
Depois de o Ministério da Cultura ter denunciado, em maio, o protocolo que vigorava há 16 anos, com a Fundação Berardo, a gestão do espaço de seis mil metros quadrados voltará ao CCB.
Depois de algumas tentativas de inverter o processo, na terça feira, o Governo extinguiu a Fundação José Berardo, com sede no Funchal, através de um despacho da Presidência do Conselho de Ministros, na sequência do relatório da Inspeção Geral das Finanças, de 2019, porque "as atividades desenvolvidas pela Fundação José Berardo demonstram que o fim real não coincide com o fim previsto no ato de instituição", pondo fim à polémica.

