Nova proibição de partilha de contas já se reflete nas subscrições: em quatro meses, de janeiro a abril de 2023, o gigante de streaming viu sair 4,6% de clientes no nosso país.
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A nova política de proibição de partilha de conta por utilizadores da Netflix que não pertençam à mesma casa está a provocar danos ao gigante de streaming. A medida já se sente nos dados do primeiro quadrimestre deste ano: de janeiro a abril, a Netflix desceu 4,6% relativamente ao período de novembro de 2022 a fevereiro de 2023. Os números são da BStream, um serviço da Marktest.
Se a comparação deste primeiro quadrimestre for feita com o período homólogo de 2022, a descida é ainda mais acentuada: 13% menos de subscritores. Quantos são os clientes perdidos? A Netflix não diz - aliás, a plataforma nunca deu a conhecer quantas pessoas pagam o seu serviço em Portugal.
Portugal: 49% usa streaming
A queda da Netflix, que aloja das séries mais populares do mundo, como "Wednesday", "Fubar", novo seriado de ação e aventura de Arnold Schwarzenegger, ou a portuguesa "Rabo de Peixe", que está no top de 30 países, não é acompanhada por uma descida do mercado em si: segundo a Marktest, a tendência geral de utilização de serviços de streaming mantém-se. 49.7% dos portugueses já usa streaming regularmente e 33.4% subscrevem pelo menos uma plataforma.
Manuel Monteiro, diretor de estudo de meios da Netflix e responsável pela BStream, que forneceu os dados ao JN, comenta que "a tendência geral de subscrição das outras plataformas foi de subida, com níveis diferentes de crescimento para cada uma". A descida da Netflix é um caso praticamente isolado. "No indicador "Plataformas de serviços de streaming canceladas, nos últimos 12 meses" a Netflix teve uma subida significativa, relativamente à vaga anterior", acrescenta.
Descida em vários países
A descida não é exclusivamente portuguesa. Recentemente, a Kantar, empresa de medição de interesse de mercado, anunciou que em Espanha (que também foi afetada pelas proibições de partilha de senhas), o serviço de streaming perdeu um milhão de utilizadores. E concluiu que 10% dos atuais subscritores espanhóis ponderam cancelar o plano até ao fim do ano.
Esta reação do mercado não parece preocupar a empresa. A Netflix diz estar satisfeita com os números que se seguiram à nova política de limite de contas, prevendo que a descida será compensada por novos subscritores e "utilizadores extra" - agora pode pagar-se um valor à parte para acrescentar um novo utilizador a uma determinada conta.
Vem aí a publicidade
A Netflix anunciou entretanto uma nova modalidade que incluí publicidade e um catálogo de conteúdos reduzido. Para já, essa opção não está disponível em Portugal, mas a ideia é implementá-la ainda este ano.
Ainda assim, não é a primeira vez que a Netflix sofre uma retração nas subscrições. No início de 2022, o gigante de streaming perdeu, pela primeira vez em décadas, um número substancial de clientes. Segundo o site Statista, a principal razão é o preço elevado. Recorde-se que, desde o início do seu serviço de streaming em 2007, a Netflix tem vindo a aumentar substancialmente o valor mensal que cobra.
Mas esta poderá não ser a única explicação. Perante o sucesso da Netflix, outras empresas decidiram replicar a fórmula. É o caso da Amazon, que lançou a Prime Vídeo em 2019, ou da Disney, que teve o início do serviço de streaming em 2020, tal como a HBO Max ou a ShowTime.
Perante a quebra notada no início de 2022, a Netflix expandiu a sua aposta em conteúdos regionais, diversificando a geografia de origem de novos filmes e séries, apostando cada vez mais fora dos EUA.
A Netflix é líder mundial no streaming, com 25% de quota. Segue-se: Prime Video (22%), Disney+ (20%), HBO Max (12%) e Apple TV (5%).