Artista já esgotou concerto de sexta-feira à noite no Porto. De sul para norte, o fenómeno alastra-se. “Não sei bem o que veem em mim”, diz o popular cantor ao JN.
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Nininho Vaz Maia, 35 anos, esgotou a lotação para o concerto que protagoniza na sexta-feira à noite na Super Bock Arena, no Porto. O artista lançou há duas semanas “Aparentemente”, o primeiro de dois volumes que compõem o seu novo disco, estruturado em sete faixas, entre elas “Bebé”, single libertado no verão, “Foste embora”, agora presença constante nas rádios nacionais, e “Volta”, tema gravado com Tony Carreira.
Mas, desde 2019 que é um fenómeno, primeiro no nicho flamenco com o tema “Soy gitano”– título roubado a Camarón de La Isla, flamenco e cigano dos quatro costados , como ele e um dos seus ídolos – e depois para uma vasta audiência. De sul para norte, a fórmula de flamenco, pop e baladas conquistou os portugueses.
Por que decidiu fazer o seu novo álbum de originais em dois volumes?
A decisão foi tomada a partir de uma música (se calhar uma das minhas preferidas das que tenho produzidas) que, ao estruturar o álbum, percebemos que tinha que ser lançada com um trabalho específico e em outra altura e daí surgiu “guardar a metade para mais tarde”.
Como surgiu a ideia de gravar um tema com Tony Carreira?
Tinha essa letra há muitos anos, quando senti que era a altura de ir com ela para estúdio e produzir, pensei que ainda ganhava mais sentido sendo com ele.
Além da ligação familiar, por que quis gravar temas em espanhol? É por uma questão de expansão?
O espanhol é o idioma do flamenco, a minha raiz. Crescemos a ouvir e a cantar músicas em espanhol, por isso faz todo o sentido.
Neste concerto no Porto vai tocar os grandes êxitos como “Raízes”, “E agora”, “Gosto de ti”, “Bailando” ou “Pegate a mi”?
Sim, não quisemos deixar nenhum tema para trás. Quando estruturamos a ‘setlist’ tínhamos claro que seria a apresentação e a despedida de algumas músicas.
Gravou todos os temas que tinha ou a seleção foi complicada?
Não gravei tudo o que tenho, mas a seleção sempre surge de forma natural. No processo criativo tudo flui, muitas vezes não vou para estúdio com ideias já definidas sobre o que quero construir.
Porque decidiu chamar ao álbum “Aparentemente”?
Bem, essa pergunta é algo difícil de responder. Aparentemente estou aqui porque canto música cigana. Mas, neste álbum há baladas, há pop. Aparentemente, sou o cigano que canta, mas nos meus concertos vejo senhores de 60 anos que não são da minha etnia e desfrutam, dançam. Aparentemente, sou mais um e é isso que o meu álbum representa.
Como viu a reação do público ao seu concerto no Campo Pequeno, em Lisboa?
A reação foi incrível, já passaram quase duas semanas e ainda fico emocionado ao ver os vídeos. Nunca pensei que ia ter um público e um show assim. …
Por que crê que o público responde tão bem à sua música?
Eu não sei explicar! Não sei bem o que as pessoas veem na minha música, nem aquilo que veem em mim.
Como está a correr a sua internacionalização?
A internacionalização é difícil para um português. Sou consciente disso, mas posso dizer que cada vez que vou a Espanha fico surpreendido com a quantidade de pessoas que me conhece! Ouvem a nossa música em português! É bonito ver que cantam em português inventando – como eu canto em inglês [risos].
Como decorre a preparação dos seus espetáculos?
A preparação dos concertos posso dizer que foi difícil, venho de uma tour intensa na qual não tive tempo de adiantar trabalho e quando me dei conta estávamos a um mês do primeiro show. Na semana anterior, parecia que tudo se ia desmoronar e, graças a Deus, no dia do concerto tudo estava perfeito. Correu tudo melhor do que sonhava. Tenho uma equipa do caraças e tenho a Triana [a sua mulher] que é uma máquina, parece que já tem 20 anos disto.

