No 10º aniversário, festival de ilustração Braga em Risco bate recorde de visitantes
Encontro de ilustração apostou, na 9ª edição, numa mostra internacional e que decorreu num só espaço, o Mosteiro de Tibães, tornando-se num evento mais coeso e “adulto”. Hoje é o último dia de portas abertas e as contas já apontam para um recorde certo: mais de 7500 pessoas visitaram o Braga em Risco.
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O jardim que serve de entrada ao Mosteiro de Tibães preenchido de carros, nos dois anteriores fins de semana, é uma raridade e sinónimo de algo diferente naquele complexo religioso. A resposta encontrava-se logo de seguida: decorria a 9ª edição do Braga em Risco, um encontro de ilustração que celebra dez anos de trabalho (com interrupção na pandemia de covid-19).
A forte afluência, principalmente do fim de semana inaugural, que só em dois dias chamou mais de cinco mil pessoas, é reflexo da reestruturação do evento: focado num só espaço e na internacionalização, é a edição mais coesa de todas.
Mas nem só de ecologia se falou (ou observou) por estes dias. Outros temas atuais estão em destaque, como é o caso das migrações – tema patente no destaque à autora peruana Issa Watanabe. As mais recentes obras, “Migrantes” e “Kintsugi”, são a estrela expositiva e trazem algo pouco habitual em Portugal, um livro sem palavras, só imagens.
Internacionalização
Não apenas pela escolha dos autores em destaque – além de Issa, o encontro contou ainda com a presença do peruano Richolly Rosazza –, mas por toda a curadoria expositiva, esta é a edição mais internacional de todas, que conta com trabalhos, na sua maioria, de artistas estrangeiros radicados em Portugal. A expansão do Braga em Risco acontece, também, dentro do país. “Temos mais visitantes de outras cidades”, diz Seromenho.
Para o curador, o crescimento do festival é sinónimo do crescimento da própria área. “A ilustração tem cada vez mais relevo.” E a sua associação exclusiva à infância parece ser (cada vez mais) coisa do passado. “A adesão dos adultos por gosto e vontade própria é notório, principalmente, nas vendas.” Dado que os mais novos não têm poder de compra, o aumento das vendas na livraria e nos vários mercados patentes no Braga em Risco significa, diz, que os “mais crescidos” gostam de ilustração.
A estrela do evento, o jogo surrealista cadáver esquisito, “é, além de um desafio à criatividade de todos, uma mensagem para os próprios artistas”, realça o curador. “É a trabalhar juntos que se evoluí”, referindo a identidade visual da 9ª edição do Braga em Risco, que parte da “mistura” de ilustrações de quatro artistas convidados.
Sem telemóveis
Contas fechadas, o certame destaca-se ainda por uma edição com um maior trabalho educativo, tendo oferecido uma programação intensiva de oficinas, mercados, espetáculos, horas do conto, concertos, entre outras atividades, que perfizeram 50 eventos.
Hoje é o último dia para visitar o Braga em Risco no Mosteiro de Tibães, que, assim que termine, ruma à Feira do Livro de Bolonha, “onde queremos construir pontes para a 10ª edição”, remata o curador.