Disney+ estreia esta quinta-feira "Get back", série documental com imagens inéditas da histórica banda de Liverpool.
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Desde que, em 1987, realizou o primeiro filme, Peter Jackson conquistou quase tudo com que sonhava desde a meninice, do Oscar de melhor realizador aos sucessivos êxitos de bilheteira. O derradeiro sonho por concretizar cumpriu-se agora com o convite para realizar "Get back", série documental sobre os Beatles que o canal Disney+ estreia esta quinta-feira.
Fã dos "fab four" desde os primórdios da adolescência, o realizador da adaptação de "O senhor dos anéis" fala do seu envolvimento no projeto como uma "dádiva" e confessa-se "entusiasmado" agora que "chegou a altura para que o público em todo o Mundo possa vê-lo".
Nos últimos três anos, Jackson teve acesso total ao arquivo privado dos Beatles, composto por 60 horas de imagens e 150 horas de gravações áudio. A partir desses registos inéditos, previamente restaurados, o cineasta selecionou seis horas, procurando captar o estado de espírito do grupo no início de 1969, quando, após um interregno de dois anos, se preparava para regressar aos concertos.
Logo que a transmissão de "Get back" foi conhecida, muito se especulou sobre a possibilidade de o documentário deixar entrever os momentos de tensão entre os seus membros, em especial a rivalidade entre Paul McCartney e John Lennon ou a alegada má influência de Yoko Ono no ambiente da gravação. No entanto, na apresentação à Imprensa, Peter Jackson desmistificou essas quezílias, que considera "histórias de amigos e de indivíduos, mas também das fragilidades humanas e de uma parceria divina".
"Cru, honesto e humano"
Ao longo de 18 dias, o diretor de televisão Michael Lindsay-Hogg acompanhou os ensaios das 14 novas canções que deveriam integrar um álbum ao vivo. Assoberbados pelo tempo, com Paul McCartney a relembrar os colegas para a necessidade de cumprirem os prazos, os Beatles gravaram vários dos temas que seriam incluídos nos álbuns finais da banda, "Abbey Road" e "Let it be".
Mas foi também nesse período que protagonizaram o lendário concerto no terraço de Savile Row, em Londres. Por tudo isso, o coordenador do projeto fala de "Get back" como "um relato detalhado do processo criativo" da mais influente banda de rock de todos os tempos. E se um certo saudosismo pode tomar conta de quem visionar a série, ao ser transportado para uma máquina do tempo, Jackson rejeita o rótulo de passadista. "Não é nostálgico. É cru, honesto e humano. Durante seis horas, poderão conhecer os Beatles com uma intimidade que nunca se imaginou ser possível", frisou Peter Jackson, apontando as diferenças com os outros filmes da banda, mais interessados em perpetuar o mito do que em dar a conhecer um lado pessoal dos seus membros.