Na última década, o Porto sentiu um aumento claro dos espaços independentes dedicados à divulgação de arte contemporânea. Alguns criados por grupos de artistas, outros por apaixonados pela arte.
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A Kubikgallery surgiu em 2010 graças ao antigo arquiteto João Azinheiro. Nasceu como um espaço projeto, que com os anos passou a galeria profissional, com artistas por si representados, participação em feiras internacionais, e o intuito de revelar artistas portugueses noutros países e trazer artistas estrangeiros para o Porto. A Kubik também tem espaço físico em São Paulo, Brasil, para reforçar a ponte criativa entre os dois países. Neste momento, no espaço na Rua da Restauração, encontra-se "Par ce que c"estoyt luy; par ce que c"estoyt moy", de Fernando Brito e Manuel Vieira. Já no Kubikulo, montra virada para a rua, há uma intervenção de Jorge Queiroz. Ambas com curadoria de Óscar Faria.
Todos fundados em 2019, o Espaço SP620, a galeria Ocupa e a Birra chegaram pouco tempo antes do Mundo se haver com a pandemia e viram os objetivos e sonhos serem interrompidos.
O Espaço SP620 abriu portas no Bonfim graças ao espanhol Pablo Berástegui, antigo diretor-geral de San Sebastian 2016, Capital Europeia da Cultura, com o objetivo de sediar "Salut au Monde!", programa independente de fotografia documental. Fotógrafos de toda a parte mostram a realidade que os rodeia, ajudando assim a abraçar a diversidade e abrir os horizontes. O projeto inspira-se num poema de Walt Whitman e resulta do "desejo de olhar para fora" e descobrir universos que "nos são estranhos". A 12 de setembro chega "Corviale", inserida no projeto Utopie Abitative do fotógrafo Juan Baraja, sobre soluções arquitetónicas modernas fracassadas.
uma galeria num talho
Instalada num antigo talho na Rua do Bonfim, a Galeria Ocupa partiu de Filipa Valente e Alexandre Teixeira, inicialmente para expor os trabalhos da primeira, expandindo-se depois para a divulgação independente de artistas portugueses e internacionais, em diferentes níveis de carreira. Geralmente com mostras mensais, a Ocupa acolhe autores e espaços madrilenos graças a um programa de intercâmbio, apoiando-se no crowdfunding para dar continuidade ao projeto. De momento tem "Contrarregra", montada em alumínio por João Pedro Trindade.
Já o Birra é descrito por Celine Marie, uma das suas fundadoras, como um "espaço multidisciplinar que visa reunir uma comunidade de artistas de qualquer background e área artística". Também localizada no Bonfim, é uma autêntica casa de bonecas com paredes amovíveis que se pode tornar em tudo o que for necessário. Começou com a necessidade de Celine e Ana Gonçalves encontrarem um local de trabalho, progredindo para um ateliê de divulgação de artistas jovens. Com a pandemia e a pausa nas exposições, junta-se à equipa Inês Lopes, e o espaço transforma-se num estúdio de tatuagem, mas o lento retorno à normalidade recuperou a ideia original do projeto. O Espaço Birra volta então a apresentar exposições de pintura e fotografia, mais concertos num futuro próximo. Lá vê-se agora "d"escantilhão", de Teresa Arega, que se debruça sobre o significado desta palavra da Madeira, onde Teresa nasceu.