Tourém é uma aldeia portuguesa encravada em território espanhol. A tradição intocável e a paisagem do Gerês são só alguns atractivos.
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Nos confins de Portugal, naquelas terras "de brenhas tenebrosas, de vales profundíssimos e passos perigosos que mais parecem moradas de feras e selvagens que de homens capazes de razão e de juízo", há uma aldeia que teima em resistir à erosão do desenvolvimento. Encravada em Espanha, no topo norte do Barroso descrito por Frei Luís de Sousa no século XVII, Tourém pode considerar-se uma aldeia que soube modernizar-se sem se descaracterizar. Para os habitantes, é claro que as oportunidades fora do sector primário são inexistentes e isso poderá condená-la, mais tarde ou mais cedo, à desertificação. A menos que, como tem acontecido, ainda que de forma ténue, desarticulada e fruto apenas da iniciativa individual, se desenvolvam novos atractivos turísticos numa zona ímpar em termos de beleza natural e riqueza cultural.
Alguns passos têm sido dados: o visitante encontrará em Tourém um casario em que o granito é rei desde há séculos. Só o colmo nos telhados foi substituído pela cor-de-tijolo das modernas telhas. O velho forno comunitário - ex-libris da freguesia - foi recuperado, mas já sente as mazelas da pouca ou incorrecta utilização. O forno do povo é, ainda hoje, um exemplo vivo do tempo em que só a união das gentes permitia sobreviver num ambiente de geografia e clima hostis. Um isolamento agravado pelo esquecimento com que o poder político sempre brindou o Barroso e que, num certo sentido, dura até hoje. Uma sina.
Mas não se pense que Tourém tem apenas tradição para oferecer. A sua localização, no limite do Parque Nacional da Peneda-Gerês e mesmo na fronteira com a Galiza, permite passeios a pé (devidamente sinalizados) para todos os gostos e condições físicas. Os amantes das bicicletas encontrarão trilhos únicos de alta montanha e a canoagem é outra opção nas águas da vizinha barragem. Há ainda iniciativas a não perder ao longo do ano: a reconstituição da rota dos contrabandistas ou o carnaval são apenas dois exemplos. Para conhecer mais em detalhe a história da terra, o pólo de Tourém do Ecomuseu do Barroso é um bom ponto de partida.
Todo o ano. No Inverno, as temperaturas podem ser negativas e as estradas condicionadas pelo gelo e a neve
A partir de Montalegre, seguir a direcção Covelães e daí para Tourém