A Academia sueca atribuiu, esta quinta-feira, o Nobel da Literatura a Abdulrazak Gurnah.
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O escritor da Tanzânia, que vive no Reino Unido, foi distinguido pela exploração dos "efeitos do colonialismo e o destino dos refugiados no fluxo entre culturas e continentes."
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- The Nobel Prize (@NobelPrize) October 7, 2021
The 2021 #NobelPrize in Literature is awarded to the novelist Abdulrazak Gurnah "for his uncompromising and compassionate penetration of the effects of colonialism and the fate of the refugee in the gulf between cultures and continents." pic.twitter.com/zw2LBQSJ4j
Abdulrazak Gurnah nasceu em 1948 em Zanzibar, um arquipélago na costa este africana, mas exilou-se desde os 18 anos no Reino Unido, onde se reformou recentemente da Universidade de Kent, onde foi professor de Literatura Inglesa e Pós-Colonial. É o primeiro autor negro africano a ser reconhecido pela Academia Sueca em mais de trinta anos, depois do nigeriano Wole Soyinka, laureado nos anos 1980.
Abdulrazak Gurnah, que nasceu em 1948 em Zanzibar, na Tanzânia, e vive desde a adolescência no Reino Unido, é o 118.º laureado na história do Nobel da Literatura, mas há mais de três décadas que nenhum escritor africano negro era reconhecido com aquele prémio.
Anteriormente, tinha sido o escritor nigeriano Wole Soyinka, em 1986.
Perante um galardão que é "historicamente muito ocidental", como escreve a agência France Presse, a última vez que a Academia Sueca distinguiu um autor africano com o Nobel da Literatura foi em 2003, ao sul-africano J.M. Ccoetzee.
De toda a história do Nobel da Literatura, atribuído pela primeira vez em 1901, mais de 80% foram autores europeus ou norte-americanos, contabilizou a AFP.
Abdulrazak Gurnah, que escreve em inglês embora a sua língua nativa seja o suaíli, publicou sobretudo romance e contos, nomeadamente, "Paradise" (1994) e "Afterlives" (2020), e "tem sido amplamente reconhecido como um dos mais proeminentes escritores do pós-colonialismo".
Em Portugal, tem apenas um livro editado, "Junto ao Mar", pela Difel, em 2003.
"A sua partida [de Zanzibar] explica o papel central que o exílio tem em toda a sua obra, mas também a sua ausência de nostalgia por uma África primitiva e pré-colonial", afirmou a Academia Sueca.
No entender do comité, a obra literária de Abdulrazak Gurnah é um "retrato vívido e preciso de uma outra África, numa região marcada pela escravatura e por diferentes formas de repressão de vários regimes e poderes colonialistas: português, indiano, árabe, alemão e britânico".
Autor de obras como "Paradise" (1994) e "Afterlives" (2020), Abdulrazak Gurnah "tem sido amplamente reconhecido como um dos mais proeminentes escritores do pós-colonialismo".
Em Portugal, tem apenas um livro editado, "Junto ao Mar", pela Difel, em 2003.
"As personagens deslocadas de Gurnah, em Inglaterra ou no continente africano, encontram-se entre culturas e continentes, entre a vida deixada para trás e a que está por vir, enfrentam racismo e preconceito, mas também obrigam-se a silenciar a verdade ou a reinventar uma biografia para evitar um confronto com a realidade", justificou a academia.
O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.