O escritor húngaro László Krasznahorkai é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura.
Corpo do artigo
BREAKING NEWS The 2025 #NobelPrize in Literature is awarded to the Hungarian author László Krasznahorkai "for his compelling and visionary oeuvre that, in the midst of apocalyptic terror, reaffirms the power of art." pic.twitter.com/vVaW1zkWPS
- The Nobel Prize (@NobelPrize) October 9, 2025
Lázlo Krasznahorkai, de 71 anos, liderava o favoritismo das casas de apostas em torno dos nomes apontados este ano ao Prémio Nobel. A Academia Sueca homenageou-o "pela sua obra convincente e visionária que, no meio do terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".
Foto: Jonathan Nackstrand / AFP
Segundo a academia, László Krasznahorkai "é um grande escritor épico na tradição da Europa Central, que se estende de Kafka a Thomas Bernhard, e é caracterizada pelo absurdo e pelo exagero grotesco. Mas ele também olha para o Oriente adotando um tom mais contemplativo e cuidadosamente calibrado. O resultado é uma série de trabalhos inspirados pelas impressões profundas deixadas pelas suas viagens à China e ao Japão".
O escritor húngaro é autor de romance, ficção breve e guiões, colaborador do realizador Béla Tarr e tem publicado em Portugal apenas o seu primeiro romance, "O Tango de Satanás", editado pela Antígona, mas que se prepara para lançar o "Herscht 07769", pela Cavalo de Ferro, e estará presente no Festival Fólio, em Óbidos.
Foto: Jonathan Nackstrand / AFP
O "mestre do apocalipse"
László Krasznahorkai nasceu em 1954 na pequena cidade de Gyula, no sudeste da Hungria, perto da fronteira romena, localidade que serviu precisamente de inspiração para criar a zona rural remota que serve de cenário para "O Tango de Satanás", de 1985, que foi uma sensação literária na Hungria e o trabalho que impulsionou o autor.
O romance retrata, em termos poderosamente sugestivos, um grupo pobre de residentes numa pequena comunidade isolada e ao abandono na planície húngara, batida pelo vento e pela chuva incessante, que se confronta com o regresso do misterioso Irimiás - demónio ou messias, trapaceiro ou salvador -, que se julgava morto e que dividirá para conquistar.
Esta obra, uma meditação sobre a crença em falsos profetas no rescaldo de utopias falhadas, deu origem a um filme de culto homónimo, realizado por Béla Tarr, em 1994.
A crítica americana Susan Sontag definiu-o como o "mestre do apocalipse" da literatura contemporânea, julgamento a que chegou depois de ter lido o seu segundo livro da autora "Az ellenálás melankóliája" ("A Melancolia da Resistência", em tradução livre).
László Krasznahorkai tornou-se o 122.º segundo escritor a ganhar o Prémio Nobel da Literatura, galardão instituído em 1901 pela Academia Sueca para distinguir autores que fizeram notáveis contribuições ao campo da literatura, com um valor pecuniário superior a 900 mil euros. Até hoje foram distinguidos 104 homens e 18 mulheres.
Em 2024, o Nobel da Literatura foi atribuído à escritora sul-coreana Han Kang.
As cerimónias de atribuição dos prémios decorrerão no dia 10 de dezembro, data que assinala o aniversário do seu fundador.