
Cabe agora a vez, e finalmente, a Bárbara Guimarães dar voz à personagem de Neera - Jessica Biel no original americano -, uma das habitantes do "Planeta 51".
Com a diversificação da oferta de filmes de animação, que não se resumem hoje, como acontecia há alguns anos, à produção anual da Disney, e com o hábito de produzir versões dobradas no "nosso português", expressão utilizada para diferenciar das versões "brasileiras" com que muitos de nós crescemos, uma grande parte dos nossos actores e muitas figuras públicas do nosso meio passaram já por esse tipo de trabalho. Cabe agora a vez, e finalmente, a Bárbara Guimarães dar voz à personagem de Neera - Jessica Biel no original americano -, uma das habitantes do "Planeta 51", filme que chega às salas de cinema de todo o país na próxima semana.
Porque razão só agora aparece a emprestar a voz a uma personagem de animação?
O convite só surgiu agora, com esta personagem, a Neera do "Planeta 51". Ao longo dos anos tenho feito várias narrações, para livros, cd, áudio-livros. Uns para crianças, outros para cegos. Quando foi para crianças havia sempre a intervenção de personagens, mas eu fazia sempre o papel da narradora.
Como é que definiria a personagem?
A Neera tem algo de mim. Não porque seja verde ou tenha 16 anos e ande no 11º ano. Mas por ser um pouco activista, revolucionária. E depois romântica, cheia de bons sentimentos. Passa o filme inteiro a tentar que o Lem se declare. Não é uma presença constante no filme, mas onde ela entra acrescenta sempre alguma coisa à história.
Viu o filme todo ou só as partes que tinha de dobrar?
Ainda não vi o filme todo. Mas com as partes que vi já deu para perceber qual era a ideia do filme. É como nas versões originais, na estreia os actores que fizeram as vozes dizem sempre que estão curiosos em ver o filme todo.
A personagem é dobrada na versão original pela Jessica Biel. Usou esse trabalho como ponto de partida?
A referência para a dobragem é sempre a voz original. Os movimentos dos lábios da Neera já estão completamente sincronizados com a voz da Jessica Biel. O trabalho de adaptação do texto à língua portuguesa é um trabalho que está feito e nos é dado.
Qual foi então o tipo de contribuição que deu ao filme?
Há sempre a emoção de se sentir que se está a ser aquela personagem. Mudei algumas coisas, instintivamente. É essa a mais-valia deste trabalho. Senti que a dobragem é mesmo assim, é deixar-nos ir com a personagem.
É verdade que há alguns anos entrou num dos episódios da série "Uma Aventura…"?
Sim, fiz de directora do Palácio da Pena. Foi há muitos anos. Mas era uma pequena participação.
Ser actriz era então um sonho?
Vou fazendo aquilo que sei fazer. E que gosto de fazer. Mas uma pessoa tem de ser diversificada, quando trabalha nesta área. É sempre tudo diferente. A minha profissão é apresentadora de televisão. E , à parte isso, e talvez por ser isso, vão acontecendo convites e desafios que acabam por ser irrecusáveis.
Há algo de actor num apresentador?
Nós apresentadores, normalmente, temos muita lata. Temos de puxar pelas pessoas. De as manter acordadas e connosco. Trabalho para as pessoas. Talvez por termos algumas características como essa fazemos estas outras coisas, com um grande desportivismo. Com vontade e convicção.
Voltando ao filme, considera que é uma boa metáfora para os dias que correm?
É uma ideia simples. Pôr tudo do avesso vai fazer-nos sentir que afinal é tudo absolutamente normal. O planeta está lá sossegado. É o 51. Tem bons e tem maus. São verdes, têm umas anteninhas e umas orelhas grandes. E são baixinhos.
E depois chegamos nós…
O ser humano branco, gigante, esquisito, que chega ao planeta deles é visto como um alien. E ele acha que os aliens são os extra-terrestres que vivem no seu próprio planeta. É uma boa forma de se chegar a valores como a diferença, a tolerância, a entreajuda. É uma história simples e alegre, aquilo que penso ser importante num filme de Natal.
Para a cidadã Bárbara Guimarães, o que significa o cinema de animação?
É uma paixão. Comecei na televisão com os magazines e uma das coisas que sempre achei que se falava muito, muito pouco, era de cinema de animação. As pessoas ainda pensam que cinema de animação é só desenhos animados para crianças. Mas o cinema de animação evoluiu como evoluíram todos os géneros de cinematográficos.
