Léon Tolstói nasceu num 9 de setembro, um daqueles dias que por serem capicuas perfeitas parecem augurar algo de especial. Na época, os professores acharam que não tinha futuro nos estudos - "estava sempre distraído e ausente". Depois da sua passagem pelo exército, momento em que se declarou antiviolência, começou a escrever, tendo um grande sucesso.
Corpo do artigo
Aos 34 anos propôs em casamento Sofia, 16 anos mais nova. Reza a história que na véspera da cerimónia, Tolstói deu-lhe os seus diários com detalhes de relações sexuais com mulheres serviçais e Sofia fica a saber que Tolstói é pai de uma criança. O episódio é retratado no romance "Ana Karenina", em que Constantine Levin, um personagem de 34 anos, pede à noiva de 19 anos Kitty para ler os seus diários e assim saber sobre as transgressões passadas.
Os Tolstói tiveram 13 filhos, mas apenas oito sobreviveram à infância. Sofia era muito dedicada ao marido, ainda que tivesse longas discussões por ele querer ter sempre mais filhos, independentemente de ela dizer sentir-se "como mobília da casa".
A família tinha dinheiro e o escritor administrava com eficiência não apenas a propriedade como os direitos recebidos pelos seus escritos. O casal contava como piada que Sofia foi copista de "Guerra e paz", reescrevendo o manuscrito sete vezes. Sofia interessava-se muito por fotografia e documentou, além da sua família, o declínio da Rússia dos czares. O livro resultante é considerado essencial.
Mas nem tudo foram flores nesta relação. Tolstói saiu de casa aos 81 anos, após uma discussão, porque queria doar todas as suas propriedades. Morreu dez dias depois, sozinho, numa estação de comboio.
De todos os romances que Tolstói escreveu, "Anna Karenina" e "Guerra e paz" são de leitura obrigatória e um antídoto para os dias das primeiras chuvas.
Da obra de Tolstói resultaram 24 adaptações cinematográficas. O filme de 1990 " O sol também brilha à noite", dos irmãos Taviani, baseado no conto "Padre Sergius", é provavelmente a tentativa mais interessante de transpor a sua escrita para a tela.
as1ozYqbkIM
Outro clássico da sétima arte pertence a Robert Bresson, que explora a inviolabilidade de mandamentos da Igreja em "O dinheiro", de 1983, baseado na novela "Falso cupom". Segundo Tolstoi, uma vez cometido um crime, não importa quão pequeno e insignificante seja, não há caminho de volta. Aqui pode ver a conferência de imprensa dada pelo cineasta na apresentação do filme em Cannes.
9Jzujl9dWHo
Aqui pode ver também a versão de Joe Wright de "Anna Karenina" (2017), com Kiera Knightley como protagonista.
scFiN--L4XM