Coreógrafa Né Barros apresenta "Neve -Paisagens, máquinas e animais" no Teatro Nacional São João.
Corpo do artigo
"O que irá acontecer àquele corpo ali, só, naquele espaço vazio?" A pergunta persegue Né Barros, coreógrafa portuense que apresenta as suas criações desde finais dos anos 1980. "Neve" é o segundo episódio da trilogia "Máquinas, paisagens e animais", que teve em "IO", apresentado em 2019, uma espécie de primeiro capítulo.
Nos seus trabalhos coreográficos, Né Barros tem-se interessado pelo corpo como paisagem. Sobretudo a partir do final dos anos 90, a década em que o Balleteatro Companhia passou a apresentar regularmente os seus espetáculos, dos quais se destacam "Do princípio ao fim", sobre a "Paixão segundo S. Mateus" de J. S. Bach (Claustros do Mosteiro de São Bento da Vitória, Porto, 1994); " L. M. Lady Macbeth" (Teatro Nacional São João, Porto, 1996); "in limine" (Centro Cultural de Belém, Lisboa, 1997). Em 1998 apresentou"Adormecida", uma encomenda do Rivoli. Em 1999, Né Barros recebeu o Prémio de Melhor Coreografia por "Passos em branco", criado para a Companhia Nacional de Bailado no âmbito do Estúdio Coreográfico 99.
Em "Neve", Né Barros retoma o uso de vídeo, algo recorrente nos seus trabalhos dos finais dos anos 1990, como "Vooum" e "No fly zone" estreado em novembro de 2000. E apesar das ligações temáticas se manterem, os processos de composição coreográfica são diferentes dos utilizados previamente. Um pouco como a mimetização do que acontece com os ciclos da Natureza.
"Neve" é também a possibilidade de criação de uma paisagem homogénea que tudo oculta com o seu manto branco. Para enfatizar esta linha dramatúrgica criada por Né Barros, o espetáculo conta com música do experiente Carlos Guedes.
Os intérpretes Afonso Cunha, Beatriz Valentim e Bruno Senune foram escolhidos por convite, na sequência dos trabalhos nesta trilogia.
"Neve - Paisagens, máquinas e animais", de Né Barros, sexta-feira 22 e sábado 23 noTeatro Nacional São João (Porto) , às 19 horas.