Músico João Couto já está a promover em palco o seu novo trabalho de originais, "Efeito submarino", "um conjunto de dualidades", nas palavras do próprio.
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Se a maturidade no meio artístico tem alguma forma, será certamente esta: chega-se a um álbum conciso, que encaixa na perfeição no artista, e não há mágoa por não ter sido mais cedo. Para João Couto, “Efeito submarino” é um desses casos. Só podia acontecer agora. É agora que tem a maturidade conceptual e os conhecimentos técnicos para tal. “Invejo artistas que têm a capacidade de fazer ‘o’ álbum no início de carreira, mas ao mesmo tempo estou satisfeito com o meu caminho.” Foi quando teve de ser, diz.
O terceiro disco do cantor, compositor e instrumentista pode descrever-se como uma adição de camadas e aperfeiçoamento ao que já tinha mostrado. “Pretendia que fosse decididamente uma evolução dos primeiros dois álbuns, particularmente do segundo, porque foi no qual senti uma libertação a nível artístico.”
Essa libertação voltou a acontecer e, descreve João Couto, “Efeito submarino” é um “conjunto de dualidades”: “é o álbum mais íntimo, conciso e direto, mas ao mesmo tempo é o mais colorido, ambicioso e assumidamente pop”. Um amante convicto – e sem medo desse título – da pop, entende que há ainda “uma visão cínica e desconfiada” desta. “Eu tenho uma visão otimista, acho que a pop é uma genuína tentativa de os seres humanos fazerem algo perfeito e isso é muito nobre e bonito.”
Amálgama de influências
O reforço da sua posição e imagem sobre a pop alterou também, acredita, a forma como o público o olha. “Se antes as pessoas me associavam ao rapazinho da guitarra acústica ou ao cantautor sensível de guitarra agora estou a abraçar os cantores pop que sempre admirei.” Assume as suas influências – “por isso é que o disco vai em tantas direções” – e não tem medo de ser comparado com este ou aquele nome. “Se há algum tipo de originalidade no que faço, parte de ter referências tão diversas e, algures numa amálgama esquisita de coisas que gosto, aparece um eu.”
No ano em que celebra 30 de idade, João Couto tem ainda marcada uma outra data: foi há dez que saiu vencedor do programa televisivo de talentos Ídolos. Não o vê como um peso, “foi uma vantagem que permitiu focar a 100% na música logo após os estudos” – um privilégio que sabe que muito poucos têm. Mas não se deixou ficar marcado a ferros pelo epiteto de “vencedor de um programa de talentos”. “Fui tão teimoso quando saí que não dei outra hipótese que não fosse ser visto como cantor e compositor.”
Depois de estrear o terceiro álbum, “Efeito submarino”, leva-o agora pelo país. A digressão arrancou a 28 de fevereiro, na Fnac do Norte Shopping, e estende-se até setembro.