No seu novo disco, os Queens of the Stone Age apresentam um som mais cru, mais sujo e mais negro onde não faltam “twists” e guitarras a brilhar.
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Em “In Times New Roman…” os Queens Of The Stone Age (QOTSA) cerraram fileiras e regressaram a um som mais puro e mais perto dos seus primeiros trabalhos, onde predominam riffs diretos, ritmos pesados e uma visão bem negra do mundo.
Nos seis anos que passaram desde “Villains”, houve uma pandemia, morreu o amigo e colaborador próximo Mark Lannegann e o vocalista e líder Josh Homme teve de atravessar um divórcio nada amigável, uma luta pela custódia dos filhos e um diagnóstico de cancro. Era impossível que isso não se refletisse no som da banda.
Depois de algumas excursões menos conseguidas por campos mais próximos do pop e do boogie rock, urbano e dançável, os QOTSA regressaram a casa, ao deserto quente e árido, e ao conforto uterino do stoner rock que os trouxe ao mundo. E fez-lhes bem.
Passaram mais de duas décadas e já não se encontra a mesma aspereza e o rasgo de “Rated R” (2000) ou “Songs For The Deaf” (2002), mas “In Times” soa bem mais agradável do que Villains (2017) ou “Like Clockwork" (2013). Cronologicamente, poderia facilmente estar entre Lullabies to Paralyze (2005) e Era Vulgaris (2007).
Neste oitavo disco, podemos encontrar músicas diretas, rápidas e ritmadas que nos agarram ao primeiro riff como Paper Machete, What The Peephole Say ou Emotion Sickness mas também temas mais elaborados, cheios de variações e twists surpreendentes, alternando entre distorção pesada e refrões encorpados e melódicos. Made to Parade tem um clássico refrão QOTSA com falsete e umaguitarra a lembrar o glam. A voz na burlesca Carnavoyeur quase que poderia ser a de um David Bowie gótico e ainda há uma deliciosa linha de guitarra hipnótica e psicadélica. Já a atmosfera de submundo e filme noir encontrada em Sicily podia facilmente estar em Rated R.
O disco, lançado adia 16 de junho, termina com Straight Jacket Fitting, um épico de nove minutos que começa em ritmo de marcha negra, mas que, após um rant irado e niilista a fazer lembrar Iggy Pop, culmina num melancólico e belo instrumental de dois minutos de guitarra acústica e arranjos de cordas, tal como um auspicioso nascer do sol depois de uma noite assombrada por trevas. Para ver ao vivo a 8 de julho, no NOS Alive, em Oeiras.

