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Investimento de 15 milhões de euros, no Alto da Fontinha, deverá começar em agosto. Projeto de Ginestal Machado inclui a fundação e edifícios de habitação e serviços.
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O lugar da Fontinha, no Porto, vai transformar-se no lugar das artes. Graças ao Grupo Ferreira. O investimento será superior a 15 milhões de euros e o projeto está a cargo de Ginestal Machado. "É um desafio e um privilégio. [José Rodrigues] referia-se a mim como o irmão", diz o arquiteto.
O projeto já foi aprovado pela Câmara do Porto e a obra na Rua da Fábrica Social deverá começar em agosto. Estão em curso, entretanto, os projetos de execução. "Será um ícone, uma marca na cidade que perpetuará para sempre a memória do Mestre José Rodrigues", afirma Ginestal Machado.
Prevê-se que a empreitada demore cerca de dois anos. Ocupará uma área de 4500 metros quadrados e de 7000 metros quadrados de construção. A peça central, um "elemento de exceção", será a sede da Fundação Escultor José Rodrigues, e toda a envolvente estará ligada ao universo artístico.
O espaço, no Alto da Fontinha, é propriedade do escultor (falecido em 2016). Outrora acolheu uma importante fábrica de chapéus e no início do século XX transformou-se numa fábrica de tecelagem. José Rodrigues comprou o espaço e ali viveu. A partir de 1980, passou a ser o seu atelier e uma escola para artistas. Montou oficinas e fez exposições. "A Fábrica Social, lugar de artes, como era conhecida", era o seu mundo. "Este projeto tem muito de sentimental, recorda-me também o meu pai, que era muito ligado às artes e um amigo dos artistas, onde José Rodrigues tinha um lugar muito especial", salienta.
O Grupo Ferreira, do imobiliário, será o novo proprietário, investidor e parceiro. No enquadramento volumétrico da Fundação vão nascer edifícios de serviços, comércio e habitação, com "vazios de circulação viária, de fruição pedonal e espaços de lazer".
Sala de congressos
O envidraçado prédio de serviços terá cinco pisos. O empreendimento contará, ainda, com dois edifícios para habitação, onde se destaca uma habitação, dos finais do século XIX, que será reabilitada, respeitando a traça original. "Era a casa onde o dono da antiga fábrica passava as tardes e dormia as sestas", refere.
Nos dois imóveis já referidos, um deles terá tipologia de dimensão familiar. O outro, com habitações T0 e T1, terá "uma oferta direcionada a uma fação mais jovem, de estudantes e artistas", adianta Ginestal Machado, acrescentando que na Fontinha as obras e a figura do Mestre estarão sempre presentes.
Ao longo da fachada do edifício lateral à Fundação está proposto "o desenvolvimento de um grande mural a realizar por artistas convidados, que o farão em memória e no espírito do escultor José Rodrigues". Mas outras iniciativas cabem no programa. Estão previstas a criação de uma sala de congressos e exposições permanentes.
Ginestal Machado agradece o acolhimento da Câmara do Porto e faz notar que o autarca Rui Moreira nutria, igualmente, "grande apreço e amizade pelo Mestre".
Por último, não deixa escapar a localização, outra mais-valia do projeto: "É um dos pontos mais altos do Porto, um verdadeiro miradouro sobre toda a cidade, o mar e o rio. Tem uma vista panorâmica brutal".
Pormenores
Parceria antiga
Ginestal Machado contou com a participação de José Rodrigues em vários trabalhos. Na cidade do Porto foram os casos do Capitólio, da Associação Nacional de Farmácias - Delegação Norte e do Oporto Center (hoje Porto Business Plaza).
Prémio Nacional
Recentemente, Ginestal Machado viu uma das suas obras, a requalificação do Palácio dos Correios, na Baixa do Porto, ser distinguida com o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, na categoria de Comércio e Serviços. O Palácio pertence ao Grupo Ferreira e a distinção foi anunciada numa cerimónia, este mês.
