Os invisíveis da sociedade voltam a merecer a atenção cuidada de Bruno Vieira Amaral no novo romance “Toda a gente tem um plano”.
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Há um mês, a morte de um cidadão cabo-verdiano no bairro da Cova da Moura às mãos de um polícia e a onda de tumultos que se seguiu fez incidir a atenção mediática durante dias a fio sobre uma realidade que quase todos insistem em ignorar, por muitos discursos de inclusão papagueados pela classe política: o esquecimento absoluto a que são votados os moradores dos bairros sociais dos subúrbios, assim como a falta de perspetivas e os estereótipos provocados pela simples menção das suas origens.
Até muito recentemente, a própria criação literária portuguesa, mesmo a que pretendia ser mais desafiadora, sempre passou ao lado de forma cautelosa destas atmosferas, como se temesse alguma contaminação através dessa abordagem.