Nuno Artur Silva apresenta esta sexta no El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia a sua primeira antologia, “Erros meus – poesia incompleta”.
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Quem se habituou, nos últimos anos, a ver Nuno Artur Silva como administrador da RTP ou secretário de Estado da Cultura, estranhará descobrir que o fundador das Produções Fictícias também é poeta, género que cultiva desde os 20 anos. “É mais um regresso do que uma surpresa”, adianta o autor, que passou os últimos três anos a selecionar e a reescrever os poemas a incluir no livro “Erros meus – poesia incompleta”, um volume da Imprensa Nacional Casa da Moeda que vai ser apresentado por Rui Lage esta sexta-feira, às 18.30 horas, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia.
Ao convite de Jorge Reis-Sá seguiu-se a ideia de fazer uma recolha em moldes diferentes: em vez da habitual ordem cronológica, o livro está dividido em 12 capítulos temáticos que apresentam uma mescla entre textos novos e antigos. O “confronto curioso” de estar a ler poemas escritos, em alguns casos, há 40 anos deu a Nuno Artur Silva “a sensação de regressar a uma casa antiga”, fazendo-o recordar “como foi viver naquele tempo”.
Escrever, sempre
O percurso profissional preenchido nunca beliscou a importância da poesia na sua vida. Apesar do longo hiato temporal sem publicar, confessa que “até mesmo no conselho de ministros” se fazia acompanhar por um bloco de notas e um lápis onde escrevia “frases, ideias, ritmos” que dariam origem a vários poemas.
Se boa parte do que escreveu resultou em lógicas colaborativas, Nuno Artur Silva considera que a poesia é um reduto diferente. “Aí, para o bem e para o mal, estou por minha conta e risco”, assume, embora afirme apreciar também as situações em que escreve para humoristas, realizadores ou desenhadores.
Entre o humor e a poesia, garante, existem mais afinidades do que se possa pensar, como “o rigor, a importância da palavra exata e da pausa”.
O que mais o fascina neste género em concreto é que “a poesia está no olho de quem a vê”. Nestes textos, que frequentemente recorrem ao inusitado, adianta ter-se limitado a “tentar encontrar uma possibilidade poética”. Acima de tudo, nunca abandonou a certeza de que “cada poema é sempre a sua penúltima versão, porque a última cabe sempre a quem a vai ler”.