Presidência de Rui Moreira alega "visões não convergentes". Equipa interna assegura gestão
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Nuno Faria vai deixar de ser diretor do Museu da Cidade do Porto. A notícia tornou-se pública sexta-feira à noite. Faria foi demitido do cargo pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que acumula o pelouro da Cultura.
O gabinete da presidência revelou que o Nuno Faria abandona o cargo por "visões não convergentes para o futuro", ficando a equipa da instituição a assegurar as suas funções. Faria não deixa só este cargo, mas também a empresa municipal Ágora, na qual era responsável pela divisão de museus e coleções. Contactado pelo JN, Nuno Faria escusou-se a comentar o caso.
O primeiro contacto do curador com a Autarquia do Porto surgiu em 2018, no âmbito da exposição "Douro: L"air de la terre au bord des eaux", em Bordéus, para assinalar os 40 anos de geminação das duas cidades. À época, Faria era o diretor do Centro Internacional de Arte José Guimarães (CIAJG), em Guimarães, cargo que ocupou por seis anos. No mesmo ano, o curador volta a ser notícia pela sua exclusão do concurso à Bienal de Veneza.
No verão de 2019, Nuno Faria saiu do CIAJG para a Galeria Municipal do Porto e depois para o Museu da Cidade, projeto que levou agora à sua saída.
Em entrevista ao JN em 2021, Nuno Faria explicou que "a história do Museu da Cidade começa em 1989, com Maria João Vasconcelos, (na altura diretora do Museu Soares dos Reis), a apresentar a ideia de um museu polinuclear com um núcleo central". O projeto foi, na época, apresentado à vereadora Manuela Melo. Em 2002, foi novamente ativada a ideia de um "museu rizoma", mas só quando Rui Moreira e o seu vereador de Cultura Paulo Cunha e Silva chegaram ao Executivo é que o projeto foi ativado.
Pensado para 17 extensões, o Museu da Cidade trabalha sobre cinco eixos: sonoro, natureza, material, líquido e romantismo. Com uma subdivisão por gabinetes: atmosférico, triplex, desenho, tempo, som e gráfico.
A primeira estação do Museu da Cidade, o Reservatório, no Parque da Pasteleira, abriu em maio de 2021. Em setembro, estala uma polémica: a Extensão do Romantismo, antigo Museu Romântico, que reabriu em agosto de 2021 "revestido de contemporaneidade", foi alvo de críticas pelas alterações radicais, tendo motivado a petição "Pela reposição dos interiores oitocentistas do Museu Romântico da Quinta da Macieirinha no Porto", que somou 4000 assinaturas.