Obra póstuma de Paulo Gil foi editada há semanas e caminha para a 2ª edição.
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Editado em maio e reapresentado em pândega musical no final de julho no Távola Jazz Club, "O contador de histórias", obra póstuma de Paulo Gil com a chancela da Obnósis Editora, reúne um fascinante conjunto de conversas, muitas delas pela primeira vez publicadas, entre o português e nomes maiores da música como Amália, Astor Piazzolla, Elton John, George Harrison, Ivan Lins, Julliete Gréco, Miles Davis, Keith Jarrett, Maria João, Paul McCartney, Quincy Jones ou até o ator Robert de Niro.
Paulo Gil foi baterista, compositor, jornalista, promotor e um dos primeiros sócios (o nº 3) do Hot Clube. Figura incontornável da história do Jazz em Portugal e um dos maiores divulgadores do género no nosso país, terá sido Herbie Hancock quem lhe chamou um "imaginativo contador de histórias". "Sempre vivi no Jazz, desde os seis ou sete anos. Nessa altura já sabia respirá-lo" (...) Parei de tocar, de um dia para o outro, porque senti que nunca seria capaz de tocar como qualquer um dos meus ídolos. Mas tive a oportunidade de os conhecer a todos e com eles conversar sobre a nossa paixão, o Jazz", escrevia Gil, na obra agora publicada.
Aquando da sua morte em 2022, aos 84 anos, lembrava Inês Homem Cunha do Hot Clube como o músico ali entrava, "todos os dias antes da hora. Batia à porta ruidosamente e ia direto ao seu lugar. Dava um jeitinho à mesa e sentava-se estrategicamente, na última ponta do sofá, num ângulo preparado com cuidado. Daí falava com os músicos, cantava, esgrimia baquetas imaginárias." É ali, na sala da Praça da Alegria, que nos imaginamos, ao mergulhar nas 308 páginas de trocas vividas com artistas, pessoalmente ou a distância, sobre música ou sobre a vida, janelas para o narrador e para quem, como ele, amava a arte. Sobre o livro, o filho, João Gil, fala no orgulho de ver reunidas "as histórias de um ser humano que agora vejo bem o que realmente era; uma força da natureza".
"O contador de histórias"
Editora Obnósis