“Time and space: the Marrabenta solos” sobe esta sexta-feira ao palco do Teatro Jordão, em Guimarães. O 13.º festival de dança contemporânea já está a decorrer.
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E se, através da história de um corpo humano, for possível contar a História de um país? Foi esse o desafio de Panaibra Gabriel Canda, um dos mais destacados coreógrafos africanos da atualidade, cujo trabalho “Time and space: The Marrabenta solos” é o destaque desta sexta-feira da 13.ª edição do festival GUIdance, subindo ao palco do Teatro Jordão, em Guimarães, a partir das 21.30 horas.
Para contar a história recente de Moçambique, o artista – que, além da coreografia, assegura também a dança e o texto – leva por diante a missão de desconstruir representações culturais de um corpo africano “puro”, em particular o corpo moçambicano.
Ciente que, desde a conquista da independência de Portugal em 1975, Moçambique tem sido uma terra de divisões sociais e políticas que transitou de um modelo comunista rígido para uma ainda frágil democracia, Panaibra Gabriel Canda explora a ideia do corpo africano de hoje: “Um corpo plural e pós-colonial que absorveu os ideais do nacionalismo, da modernidade, do socialismo e da liberdade de expressão”, explica a organização do festival vimaranense.
Em última instância, o corpo e a dança de Panaibra Canda “refletem a fragmentação do país, as biografias, os anseios – tornados visíveis com gestos mínimos e assustadores”.
A acompanhador o solo de dança, é possível escutar o guitarrista Jorge Domingos a interpretar marrabenta, um género musical nascido na década de 1950 a partir de uma mistura de influências moçambicanas e europeias.
Com o fim de semana à porta, o GUIdance prepara-se para receber alguns dos pontos altos desta 13.ª edição. No sábado, o Centro Internacional de Arte José de Guimarães recebe “Boca fala tropa”, uma viagem pelas raízes do kuduro, através da qual o coreógrafo Gio Lourenço constrói um itinerário biográfico onde o corpo se torna uma alegoria da memória”.
No domingo, no Centro Cultural Vila Flor, as atenções recaem sobre “O que é um problema?”, espetáculo dedicado ao público juvenil com direção artística e coreografia de Beatriz Valentim que se debruça acerca do papel do corpo no percurso de descoberta do mundo.