Porto Design Bienalle ocupa duas cidades até 25 de julho com curador-estrela do ecodesign.
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A Porto Design Bienalle (PDB), promovida pelos municípios de Porto e Matosinhos e organizada pela ESAD-Idea, investigação em design e arte, arranca esta quarta-feira nas duas cidades, prosseguindo até 25 de julho. Nesta edição, que tem como curador o inglês Alastair Fuad-Luke, uma estrela do ativismo e do ecodesign, o tema será "Alter-realidades: desenhar o presente".
Com esta temática, a PDB pretende "estimular o debate em torno da capacidade do design para delinear novas soluções para problemas coletivos, numa altura em que o mundo enfrenta desafios e incertezas quanto ao uso, planeamento e sustentabilidade dos centros urbanos e da mobilidade dos cidadãos", explicou ao JN Magda Seifert, diretora-executiva do evento.
Além das exposições que decorrem no Museu Nacional Soares dos Reis, na Quinta da Bonjóia, ambos no Porto, e no Museu da Quinta de Santiago e na Casa do Design, em Matosinhos, o certame terá também conferências e workshops. Dado o contexto pandémico, a programação foi propositadamente espalhada no território de ambas as cidades.
"O nosso objetivo é que esta seja uma bienal participativa e participada" disse Magda Seifert. Para atingir essa finalidade, a responsável destaca a exposição "Museu da matéria viva", instalada na Casa do Design, em Matosinhos. "Aqui estarão patentes materiais locais, biológicos, técnicos e híbridos que passam a fazer parte deste arquivo de matéria viva para análise. São processos de transformação e também uma forma de resgate de memórias culturais."
O público pode participar, acrescentando novos materiais à exposição, e é também possível fazê-lo online, com fotografias que depois serão catalogadas.
No âmbito desta exposição, haverá três workshops para explorar diferentes ambientes. O primeiro chama-se "Rio: navegando o cuidado - Aprender com a água para o bem comum", e decorre na Quinta da Bonjóia, Porto, entre 19 e 20 de junho.
O segundo chama-se "Terra: cativando a fibrosfera - Tornando fibras têxteis em nova matéria" e tem lugar na Casa do Design, em Matosinhos, de 24 a 26 de junho.
A última, intitulada "Mar laminaria prophesea - Desenhando com algas", acontece no Museu da Quinta de Santiago, Matosinhos, entre os dias 6 e 8 julho.
Design francês
França é o país convidado desta edição, participando com a exposição "Autre", no Museu Nacional Soares dos Reis, curada por Caroline Naphegyi e Sam Baron. Seguindo a técnica surrealista do "cadavre exquis", os organizadores pediram a artistas, designers e pensadores franceses e portugueses que desenvolvessem trabalhos com base em objetos recolhidos no Porto. Parte do resultado culminará numa ferramenta que ajuda a alimentar e apoiar pessoas carenciadas.
A fazer
8 projetos internacionais foram seleccionados através de uma open call. Aqui poderá aprender a cozinhar comida tradicional portuguesa com plantas da rua, ter um manual de reconexão com a natureza ou revisitar os miradouros da cidade, entre outros.
As linhas invisíveis da segregação
Na estação do Campo 24 de Agosto, no Porto, estará patente uma exposição muito impactante sobre o que divide a população da cidade. "Guetos liminares", de Carlo Ratti, pretende revelar as linhas de falha invisíveis do Porto - um primeiro passo fundamental para uma reconstrução das cidades. Através de megadados, o espectador pode observar a forma como se desloca a população na cidade, bem como outros dados da população. Oficialmente, os guetos, conhecidos no Porto como ilhas, desapareceram das cidades europeias em meados do século XX, mas um olhar tecnologicamente aumentado consegue expor as fraturas sociais entre classes na cidade.