O Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso tem-se afirmado como um espaço de partilha, experimentação e descoberta. Este ano, o fio condutor é a homenagem a Carlos Paredes - símbolo maior da identidade musical portuguesa -, cuja obra continua a inspirar novas gerações de músicos e a ecoar como uma das vozes mais singulares da nossa história sonora.
Corpo do artigo
No ano em que se assinala o centenário do nascimento de Carlos Paredes, o 28.º Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso (FIGST) presta homenagem ao "mestre da guitarra portuguesa" com um concerto especial do guitarrista australiano Ken Murray, agendado para sábado, na Fábrica de Santo Thyrso. A celebração, que marca o penúltimo dia do festival, promete ser um dos momentos mais simbólicos da edição de 2025. O recital de Murray pretende revisitar o legado de Carlos Paredes, cruzando música e imagem numa experiência imersiva e sensorial. "Será um tributo à criatividade e ao espírito intemporal de Paredes, que levou a guitarra portuguesa a novos mundos e palcos globais", sublinha o diretor artístico do FIGST, Óscar Flecha.
Ken Murray, conhecido pela sua versatilidade e pela forma como integra a tradição clássica em linguagens contemporâneas, apresentará obras como "Hiraeth", de Stephen Goss, e composições próprias que dialogam com o universo da guitarra portuguesa. A performance contará ainda com projeções visuais que procuram recriar a atmosfera poética e introspetiva que marcou a obra de Paredes, num encontro entre tradição e experimentação.
O festival decorre a partir desta quarta-feira e até domingo volta a afirmar Santo Tirso como um dos centros mais relevantes da guitarra em Portugal. A abertura, esta quarta-feira, estará a cargo de "O Gajo", projeto de João Morais, que traz à Fábrica de Santo Thyrso o seu novo álbum em torno da viola campaniça, instrumento ancestral que o músico tem reinventado com sonoridades urbanas e contemporâneas.
Quinta-feira, o palco recebe o guitarrista Tiago Matias, reconhecido pelo seu domínio do repertório barroco e contemporâneo, seguido, à noite, pelo duo italiano Duosfera - Daniele Fabio e Giulio Tampalini -, que têm conquistado público e crítica pela fusão entre o clássico e o moderno.
A programação de sexta-feira destaca dois nomes de peso: o espanhol Marcos Díaz, figura incontornável da nova geração de intérpretes europeus, e Joaquín Clerch, guitarrista cubano de reputação internacional e presença assídua nas grandes salas do mundo. No encerramento, domingo, o público poderá assistir a um encontro inédito entre o francês Antoine Boyer e a sul-coreana Yeore Kim, num diálogo entre guitarra e harmónica que reflete o espírito de confluência e diversidade que define esta edição.