Mágico Luís de Matos reinventa-se e volta a lotar salas de espetáculos com produção que questiona o pragmatismo. Este domingo é a última récita de "Impossível ao vivo" no Coliseu do Porto . Espetáculo estará em Faro entre os dias 17 e 21 de janeiro.
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O uso do tempo é o que pode ditar o êxito de um truque de magia, bem como a sua construção e antecipação. Com a sala do Coliseu Porto Ageas completamente lotada para ver “Impossível ao vivo”, de Luís de Matos, a curiosidade entra em crescendo com envelopes sobre cada um dos assentos que, azucrinando a curiosidade dos espectadores, têm uma regra impressa: “Por favor não abrir”. E essa proibição, como são todas, exaspera desde os mais novos aos mais velhos, tornando-se num obsessivo capricho.
“Quando é que podemos abrir?”, repetem enervantemente as crianças numa cadência ininterrupta.
A abrir o espetáculo, há a sensação de que Luís de Matos comete um erro de guião, ao pôr imediatamente a carne toda no assador, com um carro que aparece e desaparece de cena. Mas o mágico, que leva quatro décadas de espetáculos, sabe muito bem dosear as ilusões e as emoções que vai servir.
Domínio de tempo é a especialidade da francesa Léa Kyle que muda de roupa dezenas de vezes, e em segundos, desfazendo qualquer mística que possa ter uma semana de moda, já que ela, além de rápida, consegue ser extremamente garbosa, criando coreografias e um coro contínuo de “uaus” entre a plateia.
Como mestre de cerimónias, Luís de Matos vai contando que, de três em três anos, há uma reunião internacional com 2000 mágicos para escolherem qual deles é o melhor. A última, no Quebec, Canadá, ditou que o belga Laurent Piron é o detentor do título. Os seus números de papéis com vida própria são surrealistas.
O espetáculo tem vários convidados. Raymond Crowe é um mestre do teatro físico e a sua arte artesanal de teatro de sombras comprova que por vezes a beleza reside na simplicidade. Winston Fuenmayor, da Venezuela, por seu lado, compõe o naipe de mágicos da noite com números de cartas capazes de derreter o descrença do público.
Mas as grande emoções e interações, até a do envelope, são servidas pelo cabeça de cartaz da noite. Luís de Matos prova como a matemática e a ciência conseguem culminar em estranhas coincidências, e que a telepatia entre pessoas que se conhecem bem é possível. Para mostrar que as ilusões ainda obedecem à tradição, a plateia entra em apneia quando Luís de Matos, numa camisa de forças, é mergulhado num tanque e consegue libertar-se no último minuto.
Uma prova de que o impossível é apenas uma opinião.
Próximos espetáculos
Porto
Depois da Figueira da Foz e de Lisboa, o Coliseu Porto Ageas recebe récitas este sábado, às 21.30 horas e domingo a última récita de Luís de Matos no Porto está agendada para as 16 horas.
Faro
A última cidade a receber récitas de “Impossível ao vivo” será Faro, onde o espetáculo estará de 17 a 21 de janeiro, no Teatro das Figuras.