As exposições com fotografias de Alfredo Cunha multiplicam-se por todo o país e estão reunidas em livro.
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No seu livro “A fotografia”, Gabriel Bauret (FR, 1951) apresenta-nos a perspetiva de diferentes autores sobre o poder da fotografia, procurando aferir a sua possível neutralidade: “Hoje, talvez não existam verdadeiramente fotografias de esquerda ou de direita; mas é possível observarmos, na imprensa, que as imagens, aliás algumas vezes manipuladas ou “recuperadas” sem o consentimento do fotógrafo, servem eficazmente esta ou aquela causa, esta ou aquela opinião, reforçam a crítica a um político ou desempenho. (…) seria necessário interrogarmo-nos genericamente acerca de um poder real, transpondo para esse domínio uma pergunta formulada em determinada época pelos escritores: qual é o poder da literatura?”1
Um dos autores por ele citados é Henri Cartier-Bresson (FR, 1908-2004), que contraria a ideia de neutralidade e se refere ao “instante decisivo”. No único texto que escreveu sobre fotografia (“Images à la sauvette [Imagens à socapa]”, 1952), desenvolveu uma ideia sobre a relação específica que a arte mantém com o tempo: “Para mim, a fotografia é o reconhecimento simultâneo, numa fracção de segundo, por um lado do significado de um facto e, por outro, de uma observação rigorosa das formas que exprimem esse facto, percebidas visualmente. (…) Jogamos com coisas que desaparecem e, quando elas desparecem, é impossível fazê-las regressar (…). Para nós, aquilo que desaparece, desaparece para sempre: daí, a nossa angústia e também a originalidade essencial do nosso ofício.2