
A verdadeira profissão de MAP foi o jornalismo. Entrou no "Jornal de Notícias" em 1971, por concurso, e nele escreveu a sua última crónica, a 3 de agosto deste ano.
Na penúltima crónica, a 1 de agosto, deita-se no divã e, mesmo sabendo que tudo é política, confessa: "Estou farto de Passos Coelho, de Seguro, de Portas, de todos eles, da troika, do défice, da crise, de editoriais, de analistas!". Por isso, decide "falar de algo realmente importante". O quê? "Nasceram três melros na trepadeira do muro do meu quintal" e, por isso mesmo, "os gatos ficavam horas na marquise olhando lá para fora". No final, afirma a sua certeza: "A política é só uma ínfima parte, a menos sólida e menos veemente, daquilo a que chamamos impropriamente vida".
António Mota foi o "pseudónimo" do repórter e crítico de cinema durante quase dois anos no JN. A prestação do serviço militar, durante os primeiros tempos de jornalismo, justificava-o.
MAP esteve presente nas lutas do pós-25 abril pelos direitos dos jornalistas e da liberdade de expressão, em conselhos de Redação e no Conselho da Imprensa. Participou em debates e conferências, como no "Encontros com Jornalistas", juntamente com Nuno Teixeira Neves, no CFJ-Centro de Formação de Jornalistas, em 1985.
Fez de tudo na Redação do JN - notícias, reportagens, entrevistas - até chegar a chefe de Redação, mas foi como cronista que ganhou evidência, conferida por dois prémios (1993 e 2004) e pelo largo interesse dos leitores. Na crónica, Pina era um pulmão da liberdade que nos ajudava a respirar melhor a democracia.
