A 19.ª edição do ANIMar já arrancou e traz uma exposição, sessões de curtas, visitas guiadas e muitas oficinas para os mais novos.
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Há quem faça a sua estreia no maravilhoso mundo do cinema e quem tenha despertado, com ele, já há muitos anos, para a 7.ª arte. O ANIMar arrancou este sábado em Vila do Conde. O projeto vai já na 19.ª edição e é uma espécie de braço educativo do Curtas, numa parceria, que, este ano, junta a Solar – Galeria de Arte Cinemática e o projeto FILMar da Cinemateca Portuguesa e se prolonga, agora, até 8 de junho. O mar é o grande tema e, quando se quer fazer a ligação à terra, ali, no coração da maior comunidade piscatória do país, não podia haver melhor escolha.
“É um projeto pensado para a comunidade”, explica Nuno Rodrigues, um dos diretores do Curtas. A arrancar, largas dezenas de olhitos atentos para ver “Titina”. Na película de 2022, a cadela, o dono Umberto e o explorador Roald partem à aventura. De certa forma, tal como os muitos que de Vila do Conde saíram pelo mar à descoberta.
Está dado o pontapé de saída e, este ano, o ANIMar é muito mais do que cinema de animação. Há uma exposição, sessões de cinema, conversas, visitas e muitas oficinas nas escolas.
Já este domingo, inaugura a exposição na Solar: “É uma viagem sensorial às relações entre o mar e o cinema”, conta Nuno Rodrigues, explicando que o projeto FILMar permitiu digitalizar muitos dos arquivos da Cinemateca Portuguesa ligados ao mar, cujos excertos compõe, agora, a exposição da Solar. Há documentários, fição e até publicidade, que contam a história de um país de marinheiros e pescadores. “E do mar nasceu”, de Ricardo Costa (1977), “Maria do Mar”, de Leitão de Barros (1930), “Aniki Bobó”, de Manoel de Oliveira (1942), “O Naufrágio do Veronese”, da Invicta Film (1913) ou “Ala Arriba”, de Leitão de Barros (1942) são apenas alguns. Pelo meio, há imagens quase inéditas da Vila do Conde do início do século XX. A exposição tem entrada gratuita e, paralelamente, há um ciclo de cinema a decorrer até junho, ao fim-de-semana, para ver grande parte dos filmes.
Depois, continua a contar Nuno Rodrigues, há “um trabalho mais invisível” que é feito nas escolas ao longo de três meses “com oficinas de longa duração, destinadas às várias faixas etárias, que darão origem a pequenos filmes”, visitas guiadas à exposição e sessões de cinema nas escolas.
E porque este ano passam 50 anos da Revolução do 25 de Abril, há ainda mais duas iniciativas: as “Conversas de Abril”, tertúlias para partilha de histórias e estórias em torno da Revolução dos Cravos, a decorrer na loja da Solar, e as sessões de cinema “Curtas de Abril”, destinadas às escolas.
“Há crianças que passaram por aqui e hoje são realizadores, programadores ou fazem parte da equipa do Curtas”, remata Nuno Rodrigues, satisfeito por ver o ANIMar dar frutos e, sobretudo, contribuir para a criação de um público “consumidor” de cinema.