Debate "Que medo é este? De onde vem e para onde vai" juntou no Coliseu do Porto Rui Zink, Sónia Tavares e Eduardo Sá.
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Medos, fobias e ansiedades, a origem e o destino dos nossos medos: era este o mote do debate que esta quinta-feira, ao final da tarde, encheu o Salão Jardim, do Coliseu do Porto. Inserido no novo projeto "Mantras Coliseu", a cada novo mês será abordada uma temática diferente.
A conversa moderada pela diretora do Jornal de Notícias, Inês Cardoso, teve a participação de Eduardo Sá, psicólogo clínico e psicanalista, Rui Zink, escritor, e Sónia Tavares, cantora da banda The Gift.
O medo é o “estado emocional resultante da consciência de perigo ou de ameaça, reais, hipotéticos ou imaginários”, é assim que é definido no dicionário. E também pelo escritor Rui Zink, que afirma que “o medo tem uma função útil na vida de cada um" por manifestar e antecipar perigos reais do dia a dia.
Zink aludiu à importância de usar o medo como arma para vencer. E deu um exemplo claro: Muhammad Ali (1942-2016), conhecido pugilista de pesos-pesados, que, para o autor, “não sabia lutar”, mas sabia usar o medo para “encolher os adversários” - e assim começava os seus combates em vantagem face aos oponentes.
Sónia Tavares, cofundadora e vocalista da banda The Gift, afirmou ter “mais medo de viver do que de morrer”, destacando que o “único medo que não tem é o medo de subir ao palco e cantar”.
Ciente de que a vida de artista é “motivada pelo medo de não conseguir agradar a todos” com os seus projetos, define essa vida como sendo “frustrante” por “constantemente estar a ser avaliada” pelo seu trabalho.
“O medo faz bem à saúde”: foi assim que iniciou a sua intervenção Eduardo Sá, psicólogo clínico e psicanalista. E sublinhou uma ideia curiosa: é importante termos medo para conseguirmos desmistificar o próprio medo, transformando-o num “monstro papão” que, como fazem as crianças, conseguimos ultrapassar. E rematou com outra ideia útil: "Ter medos é saber viver”.
Rui Zink, inspirado pelo seu livro “A instalação do medo”, destacou "um mundo onde um instalador nos entra em casa para instalar o medo, como se instala uma box de TV, mas sem que tenhamos feito a subscrição do serviço”, e que nos mostra os vários tipos de medo “como se fosse um canal de televisão”. Para o escritor, atualmente o medo é uma arma intimidatória que é usada “na política ou na publicidade”.