"Esta é minha". A frase surge rápida, sem sombras. Ainda a moldura está a mais de um braço de distância e já Pereira de Sousa dispara. "É a libertação dos presos políticos da sede da PIDE", diz, ao olhar a fotografia. Uma memória com 50 anos de um dos "fotógrafos de Abril" no Porto.
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Pereira de Sousa, nascido a 14 de janeiro de 1942, é um dos três fotógrafos mais celebrados de Abril (em maiúsculas, dispensa o 25 de 1974) no Porto, a par de Ricardo Pereira e Bruno Neves. "Aqui no Porto não se passou nada no 25 de Abril, foi tudo em Lisboa. O mais importante foi a libertação da PIDE", recordou o antigo editor de fotografia do “Jornal de Notícias”, ao revisitar imagens de arquivo da Revolução dos Cravos.
Na Invicta, o mais importante do 25 de Abril de 1974 foi o dia... 26. Em tons sépia ou a preto e branco, há imagens que “são” a Revolução no Porto, como a de um Polícia Militar, sorridente, espingarda ao ombro, a dançar as chaves da sede da PIDE numa das mãos. "Pode ser minha ou do Bruno. Temos os dois a mesma foto", assume Pereira de Sousa. E há outras, instantâneos que ambos captaram naquela tarde, que reconhece de imediato: a libertação dos presos políticos. “Era o assunto do dia”, recorda Pereira de Sousa, que se agita quando a moldura lhe chega ao campo de visão. "Foi um momento muito importante".