Daniel Oliveira sempre assumiu ter um "pai" na televisão: Jorge Gabriel. Nos tempos da SIC, foi o principal impulsionador para as colaborações do agora diretor de Entretenimento da estação, tinha Daniel Oliveira 16 anos e ainda imprimia uma espécie de jornal da escola, que distribuía às portas do canal.
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Mas se o agora apresentador da "Praça da Alegria" (RTP1) foi o "pai", Nuno Santos foi o "padrasto", que abriu o talento do adolescente e que o levou para todo o lado desde que ambos se conheceram, no final da década de 90.
Com a fundação da SIC Notícias, em 1999, Nuno Santos, que já tinha estado com Emídio Rangel no arranque da SIC, contratou o jovem Daniel para a Redação, por lhe apreciar o talento (tinham colaborado no site "Desporto Digital"). A partir daí, o "discípulo" foi acompanhando o "mestre".
Até na vida pessoal. Pelo menos por duas vezes Daniel organizou as festas de aniversário do chefe. Os amigos ainda hoje recordam o jantar num grande espaço da Marginal que liga Lisboa a Cascais, e onde um dos convidados especiais da noite foi o falecido cronista social Carlos Castro, ou outra festa num restaurante em Santos. Com a saída de Nuno Santos para a RTP, em 2001, o jovem Daniel haveria de seguir-lhe os passos e começar a ganhar fama ao lado de outra profissional muito apreciada pelo amigo: Tânia Ribas de Oliveira, a apresentadora de "A nossa tarde".
Ao lado do mentor, Daniel Oliveira ganhava tarimba, começava a afastar-se da alcunha de miúdo e foi sem surpresa que, quando regressou à SIC para assumir a direção de Programas, em 2007 - e dar a volta à ficção do canal com a novela "Laços de sangue" -, Nuno Santos levou o pupilo atrás. Outra vez.
Era a quarta ocasião em que trabalhavam juntos, mas Nuno haveria de sair novamente, novamente para a RTP, quatro anos depois. Pensou-se que Daniel o seguiria, uma vez mais, mas o jovem comunicador ficou em Carnaxide para prosseguir com a sua carreira, onde se começou a distinguir.
E, agora a solo, subiu a pulso nos conteúdos, até chegar a diretor e fundador da SIC Caras e, há um ano e meio, a responsável máximo pelo canal generalista de Francisco Pinto Balsemão.
Finalmente separados
E enquanto um progredia no pequeno ecrã, o "mestre" afastava se da caixinha mágica e fazia um caminho no deserto na televisão. Nuno Santos saiu da RTP e da direção de Informação, na sequência do escândalo das imagens fornecidas à PSP sobre uma manifestação de polícias, e emigrou para África, para trabalhar na Multichoice. Seguiu-se o regresso à Europa e a aposta em Espanha, no "The Story Lab".
No ano passado aconteceu, finalmente, o que os amigos há muito profetizavam: o retorno à TV nacional com a fundação do Canal 11 da Federação Portuguesa de Futebol. As boas relações mantiveram-se: Daniel Oliveira até passou pela passadeira vermelha da apresentação do canal desportivo, no último verão.
Agora, Nuno Santos sucede a Felipa Garnel na TVI. E, finalmente, o "mestre" vai enfrentar o "discípulo" que, para já, leva um ano de vantagem na conquista das audiências.