O documentário "O meu caminho" explora um dos 12 caminhos de Santiago que o cineasta Pedro Gil de Vasconcelos já percorreu. O realizador continua a arrecadar prémios com o seu filme e está confirmado a sua presença no Fantasporto 2023.
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Pedro Gil de Vasconcelos, para além de cineasta, é um caminheiro incessante, tendo já percorrido 12 caminhos de Santiago. É durante o seu 13º caminho que Pedro fala, com o JN, sobre um dos caminhos que fez e que transformou em documentário.
"O Meu Caminho" é um documentário, em forma de curta, que relata o caminho de Santiago de Geira e Arrieiros. Ao longo de 240 quilómetros, Pedro Gil de Vasconcelos e o seu amigo, Adriano Carneiro, recorrendo unicamente a uma câmara de smartphone, gravaram todo o percurso entre Braga e Santiago de Compostela.
Adriano Carneiro acaba por ser o principal protagonista do documentário e para Pedro um grande apoio, num caminho que se demonstrava muito solitário. De entre todos os caminhos já percorridos por Pedro, o de Geira e Arrieiros foi o escolhido para a curta por ser o "mais selvagem, com menos condições e um dos com mais história", afirma o cineasta.
"O simples facto de atravessar as zonas que atravessa, tais como o Parque Nacional do Peneda-Gerês, e o facto de percorrer uma velha estrada romana, faz desse caminho encantador e mágico, com sítios verdadeiramente incríveis.", acrescenta Pedro Gil de Vasconcelos.
O filme intitula-se de "O meu caminho", algo que Pedro considera uma boa metáfora para o caminho em si, aliado a uma perspetiva muito pessoal. O cineasta pretende transmitir que o caminho é uma sobreposição de diferentes experiências e camadas, abrangendo a história e a natureza. O caminho não se consegue separar da religião, contudo Pedro não é religioso e não faz este percurso por promessa, mas sim por experiência.
"Ao longo do texto vou contando várias histórias, camadas e realidades do que é para mim fazer o caminho", refere Pedro Gil de Vasconcelos.
Inicialmente, o documentário era para ser um projeto para televisão e com uma grande dimensão, mas, aos poucos, foi sendo despojado e simplificado ao ponto de ser gravado com uma câmara de smartphone.
O cineasta ganhou na poupança económica e energética, para além de alcançar um valor quase neutro no carbono - "Qualquer smartphone é uma ferramenta que grava em 4k e tem mais qualidade que determinadas câmaras", confessa.
O objetivo passava por tornar tudo mais simples e largar "todas as comodidades que temos em casa, ou seja, largar o peso a mais que temos às costas", explica o realizador. Contudo, Pedro Vasconcelos também encontrou algumas dificuldades, principalmente na adaptação da linguagem das imagens.
Um telemóvel tem uma boa resolução, mas torna-se limitado nas lentes e por isso foi necessário adaptar os planos e a captação de imagem ao que tinham, tornando tudo mais pragmático.
Reconhecimento nacional e internacional
No início, "O meu caminho", não ganhou logo notoriedade em Portugal, mas no estrangeiro o seu reconhecimento foi imediato. Depois de inscrever o filme no "New Waves Short Film Festival", o realizador ganhou, até à data de hoje, cinco prémios e três menções honrosas.
Para grande orgulho de Pedro Gil de Vasconcelos, o filme irá marcar presença na próxima edição do Fantasporto, estando integrado na semana dos realizadores portugueses. Para Pedro, este "é o melhor festival que há em Portugal e, para mim, estar presente lá, vai ser um momento singular e especial", tendo finalmente o reconhecimento em Portugal que tanto ansiava.
"Não sou a melhor pessoa para falar disto, mas de facto, acho que consegui criar ali um documentário que é agradável, as pessoas gostam e aderem a todo o ambiente", explica o realizador, com orgulho.
Pedro Gil de Vasconcelos também já lançou um micro documentário - "The Magic is Lost (a magia perdeu-se)." - que foi gravado na Turquia e reflete sobre o turismo de massas. Neste momento está a fazer o circuito internacional e já ganhou quatro prémios.