“The dark side of the moon redux” é a reescrita do álbum de 1973 dos Pink Floyd.
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E no ano em que se celebra o 50.º aniversário de “The dark side of the moon”, dos Pink Floyd, 3.º álbum mais vendido da história (cerca de 45 milhões de cópias), Roger Waters, ex-baixista e vocalista do grupo britânico, resolveu decretar que a autoria da obra é apenas sua (“vamos deixar-nos dessa treta do ‘nós’”) e que a sabedoria que atingiu aos 80 anos serviria para enriquecer um trabalho que nunca foi totalmente compreendido, nas suas palavras. O resultado aí está: a reescrita do clássico em “The dark side of the moon redux”.
Esquecendo a bravata de Waters, facilmente refutável consultando a ficha técnica do original, onde consta o nome dos outros membros dos Pink Floyd nos créditos da composição, apenas as letras são inteiramente escritas pelo baixista, que dizer sobre o exercício? Que é legítimo, antes de mais, enquanto gesto artístico, apesar de arriscado. Que é uma monumental desaceleração dos tempos do álbum de 1973. Que há mais palavras. Que há mais Waters. Que funciona como obra autónoma. Que não perturbará a integridade do original.
Nick Mason, baterista dos Pink Floyd, vai mais longe, considerando-o “absolutamente brilhante”. Já de David Gilmour, o guitarrista, cuja inimizade com Waters tem chegado aos patamares da peixeirada, não se conhece, para já, qualquer comentário. Um dos traços de “Redux” é justamente a ausência de solos de guitarra, parecendo a ação de Gilmour a mais rasurada pela reescrita.
Despidas e alongadas, canções como “Money”, “Time” ou “Speak to me” perdem efeitos e intensidade, sendo polvilhadas por trechos de ‘spoken word’, onde se escutam outras letras de Pink Floyd (“Free four”, de 1972), uma troca de e-mails entre Waters e o assistente de Donald Hall, ocorrida nos últimos dias de vida do poeta e editor da “The Paris Review”, o relato de um sonho e outros fragmentos. Há uma concentração na mundividência de Waters. E apesar dos temas centrais do primeiro disco permanecerem – doença mental, ganância, envelhecimento – assiste-se à transformação de uma polifonia num monólogo.
“The dark side of the moon redux”
Roger Waters
SGB/Cooking Vinyl