Festival Internacional de Cinema do Porto exibe 86 filmes de 30 países no Batalha - Centro de Cinema, entre esta sexta-feira e 5 de março.
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Fantasia, terror, suspense. Nem sempre com zombies e vampiros. O medo chega também da realidade e dos problemas de hoje: guerra, populismo, abuso de menores ou crimes ambientais. Está aberta a porta do 43.º Fantasporto, que entre hoje e 5 de março leva à sua nova morada, o Batalha - Centro de Cinema, 86 filmes oriundos de 30 países.
Será o ano com a maior presença de realizadores na história do festival: 80% dos que têm obras a concurso passarão pelo Porto para apresentar os seus filmes. A troca de ideias será mesmo um bloco significativo no certame, com a estreia das The Movie Talks, conjunto de tertúlias à volta do cinema que junta profissionais e especialistas de vários países. Muito recomendável será a palestra sobre os 60 anos da Cooperativa Árvore, dia 27, conduzida pelo pintor José Emídio, onde se tratará também da relação entre as artes plásticas e os filmes do Fantas.
No plano das sessões, regressam os habituais segmentos competitivos: Cinema Fantástico, Semana dos Realizadores, Orient Express e Cinema Português (com prémios para melhor filme e melhor escola). E não faltarão retrospetivas: do cinema filipino às curtas-metragens de terror da espanhola Freak Agency; nem homenagens: ao produtor Ferdinand Lapuz e a "Darklands", filme de Julian Richards sobre rituais celtas que obteve diversos prémios no Fantasporto de 1997. Aqui ficam alguns "highlights" do programa.
O puro terror inaugura a secção de Cinema Fantástico com "Shepherd", do britânico Russel Owen, que coloca o protagonista numa ilha remota da Escócia, onde se refugia para tentar ultrapassar a morte da mulher. Mas um espírito local irá forçá-lo a confrontar-se com a sua culpa. Outro filme inglês em destaque, nesta competição, será "The ghost writer", de Paul Wilkins, que lida com o tema dos bloqueios criativos e do plágio, numa história cheia de reminiscências traumáticas e paranóias.
Ainda no Fantástico, assinale-se "Sashenka", do ucraniano Alexander Zhovna, que revisita a União Soviética dos anos 1970 para seguir os crimes e abusos no seio de uma família. "S.Ó.S", de Tiago Santos, será o representante nacional nesta secção: num Mundo pós-apocalíptico, rodado na região de Viseu, tudo se torna assustador para a personagem interpretada por Ivo Saraiva. Este bloco encerra com a proposta turca de "Once upon a time in the future", da realizadora Serpil Altin, que se apropria de "1984", de George Orwell, para criar uma nova distopia de controlo e repressão.
Três filmes imperdíveis na Semana dos Realizadores: o candidato à nomeação aos Oscars pela Holanda, "Narcosis", de Martijn de Jong, que acompanha as angústias de uma viúva forçada a retomar a atividade como vidente depois do misterioso falecimento do marido; "Purgatory", do grego Vassilis Mazomenos, que abre as cicatrizes deixadas na sociedade e no Estado pela experiência da pandemia; e "Ritual", de Hans Harbots, coprodução da Bélgica, Países Baixos e Alemanha que lida com a má consciência belga sobre o período colonialista no Congo.
O Orient Express conta com filmes de cineastas consagrados, como Takashi Shimizu, Woo Ming Jin ou Eiji Uchida. E na competição nacional haverá curtas-metragens de Pedro Gil de Vasconcelos, Tito Fernandes, Patrícia Capeto, Cristina Hermida, Diogo Oliveira ou Luís Alves.