Na nova série da HBO Max, "The Penguin", Colin Farrell usa uma máscara corporal que demora três horas a colocar. O ator é extraordinário. E a série também.
Corpo do artigo
“Estou basicamente coberto desde o pulso até aos tornozelos, passando pela cara e cabeça. As únicas coisas minhas que se veem, basicamente, são as mãos, os olhos - e a minha voz”. Colin Farrell está totalmente irreconhecível no seu novo papel de Oz Cobb, o vilão na antecâmara do Pinguim, arqui-inimigo do Batman, na nova minissérie da HBO Max “The Penguin”, criada por Lauren LeFranc. O terceiro episódio é disponibilizado este domingo nos ecrãs.
A transformação de Farrell gerada pelo designer Mike Marino, que trabalhou em 2022 com o ator no filme de Matt Reeves “The Batman” (aqui, o Cavaleiro das Trevas da DC Comics é interpretado por Robert Pattinson), significava passar três horas por dia sentado na cadeira da maquilhagem. “Se não fosse pelo design do Mike, isto é, se fosse só eu com um cigarro de merda, uma cartola esquisita, um guarda-chuva metralhadora e a mancar, aí, bom, aí não teríamos esta série da HBO”, disse o ator de 48 anos à revista “People”.
O Pinguim retoma o seu papel, e a narrativa cronológica do filme de Reeves, pairando como um sorriso viúvo no vácuo de poder que se segue ao assassinato do capo da máfia Carmine Falcone. E é nessa ânsia asfixiante que incorpora no gangster desfigurado que manca a metáfora de Gotham City mergulhada no caos das suas incuráveis cicatrizes existenciais.
Aqui, onde o Batman nunca aparece - isto é, a esperança é um sentimento intátil - , Oz é um ameaçador corpo de carne muto real, tão real como um Soprano, numa busca sanguínea de poder, enquanto luta com os espinhos do seu passado de abusos e deficiências físicas.
Farrell desaparece literalmente dentro da personagem, mas é mais, muito mais do que uma espantosa prótese cinematográfica, atingindo complexidades e subtilezas que estão para lá do seu horizonte de raiva e humor seco.
Anti-herói absoluto, e absolutamente envolvente, o arco emocional de Oz move-se em círculos reincidentes, e, como uma droga, encarcera o espectador num maravilhoso pasmo viciante.