Arrancou, esta quinta-feira, a 8.ª edição do evento que leva quatro dias de música lusófona à Margem Sul do Tejo.
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Uma das grandes artistas da nova geração – ainda que com uma carreira já mais do que firmada – e um músico que, parecendo que não, canta para os portugueses desde o início dos anos 80: o Sol da Caparica já arrancou, no Parque Urbano da Caparica, com Carolina Deslandes e Paulo Gonzo a inaugurar o palco principal.
19 horas em ponto e Carolina Deslandes entra em cena com “Vai Lá”, tema do novo “Caos”, já com os primeiros coros entusiastas do público a ouvirem-se no refrão. “Caos”, editado no início do ano e que terá seguidor em outubro com “Calma”, é um álbum “honesto, autêntico e raivoso”, disse a artista aquando do lançamento. Honesta é também Carolina que, neste regresso aos palcos após uma tragédia que envolveu parte da sua equipa, não se cansa de conversar com o público no entardecer da Caparica.
“Eu costumo dizer que os próximos 50 minutos vão ser nossos e a nossa energia aqui é igual à [energia] aí em baixo”, disse logo na entrada, explicando que neste dia, particularmente, iria “entregar tudo”, esperando o mesmo de volta. “Se música e a arte servem para alguma coisa, é para que nunca estejamos sozinhos”, destacou, antes de atacar “Não me Importo”, com uma passagem por “Ready or Not”, dos Fugees.
Seguiu-se, no alinhamento, “Paz”, o primeiro single de “Caos” com a artista a confessar novamente “não saber” como a iria conseguir cantar. Consegue, com voz mais forte e sentida: “sempre encontraste a tal paz que procuravas” entoa no final; para depois regressar a 2018 e a “Casa”, o seu "álbum mais feliz”, com “Avião de Papel”.
A “Adeus Amor Adeus”, segue-se “a canção que mudou a minha vida”, frisa Carolina, e que lembra que “o mais importante é o amor”, em qualquer forma que se apresente, como salienta. E pede: “digam mais vezes que gostam uns dos outros”, antes de entrar n’"A Vida Toda”, que a leva a cantar junto do público da frente.
Tempo ainda para “Por um Triz”, que levou ao Festival da Canção; e, novamente do disco “Caos”, “Precipícios” e “Saia da Carolina”, aqui apresentada com um discurso contra a narrativa das mulheres “com medo”, ou que servem “para cozinhar”. “Cuidado com a Carolina que vem de punho cerrado”, canta a Carolina, de punho cerrado. Para a despedida, o tema criado com Agir, “Mountains”.
O eterno bluesman
Depois de Carolina, Paulo: e já um pouco longe vão os tempos de Paulo Gonzo, no início dos anos 80, a estrear-se em bandas de blues como o Go Graal Blues Band. Aos 66 anos e com mais de 45 de carreira, o cantor lisboeta de voz rouca, ou arranhada, e que este ano volta a correr o país na estrada, mostrou na Caparica estar em forma.
“Fico Até Adormeceres” deu o pontapé de saída do concerto, onde, durante cerca de uma hora, percorreu alguns dos maiores êxitos da carreira. Como “Leve Beijo Triste”, que o entusiasma logo a agradecer ao público. “Obrigado por terem vindo, obrigado pela generosidade”, frisa: um gentleman. “Sei-te de cor”, entoado em coro – mesmo pelas gerações mais novas, ponto alto, tal como “Jardins Proibidos” e “Ser Suspeito”, com uma inevitável passagem ainda pelos blues e pela harmónica.
Até domingo, são cinco os palcos para explorar na Caparica, com as praias da Costa mesmo ali ao lado. Esta noite, há ainda nomes como Léo Santana ou Dillaz para ouvir. Bispo, José Cid, MC Pedrinho, T-Rex e Wet Bed Gang no segundo dia; João Pedro Pais, Mariza e Nininho Vaz Maia a 19 de agosto; e Excesso, Ivandro, Matias Damásio e Pedro Mafama no domingo, são outros dos artistas no cartaz.
Durante o festival, os visitantes podem contar, além do palco principal, com o LS&Republicano, dedicado ao pagode, sertanejo e funk; um outro palco de comédia e dança, com curadoria de Jel e Jazzy Dance Studios; sons urbanos e africanos no Palco Kavi Music; e uma Vila do Vinho para conhecer sabores da região, uma estreia nesta 8ª edição.