Falecido há quase 20 anos, o músico Renato Russo inspirou os Urbana Legion, banda de homenagem a um dos nomes maiores da música do Brasil, os Legião Urbana. O JN entrevistou o vocalista, Egypcio, que diz esperar trazer este projeto a Portugal em breve.
Corpo do artigo
A história do rock brasileiro não seria a mesma sem os Legião Urbana. No final da ditadura militar, as sonoridades melódicas e as letras contundentes do grupo criado por Renato Russo, Paulo Paulista, Eduardo Paraná, Ico Ouro Preto e Renato Rocha, ajudaram a precipitar a desejada mudança, ao lado de outros grupos essenciais como os Barão Vermelho e Titãs.
Entre 1982 e 1996, a banda conheceu como poucos o sucesso: mais do que os 25 milhões de discos vendidos, tornou-se uma referência para todos quantos acreditavam que o rock não tinha que ser necessariamente leve e superficial.
A morte do carismático vocalista, Renato Russo, ditou o fim das atividades, mas os fãs nunca perderam o rasto do grupo. Ao longo das últimas duas décadas, foi lançado diverso material inédito, bem como sucessivos discos ao vivo, que ajudaram a mitigar a dor dos seguidores antigos.
O projeto Urbana Legion, porém, distingue-se dos restantes. Afinal, não são uma simples banda de tributo feita por jovens músicos à busca da fama que procuram beneficiar do êxito alheio, mas sim artistas com longo currículo, pertencentes a projetos consolidados como Charlie Brown Jr, Tihuana e A Banca.
Ao JN, Egypcio, vocalista dos Tihuana, relembra que o processo de formação foi muito rápido, com cada um dos músicos a aderir rapidamente mal foi convidado. "Todos nós temos uma afinidade com a Legião Urbana", relembra o músico.
As músicas que integram o disco lançado há poucos meses no Brasil reportam-se ao período inicial da existência da Legião Urbana. Uma escolha que não foi fruto do acaso, reconhece o vocalista, pois "fez parte da nossa adolescência". Mas não foi essa a única razão. Se as letras das músicas escritas por Renato Russo há mais de 30 anos falam da busca da liberdade de expressão e da necessidade de mudança, também hoje esses ideais continuam a fazer sentido. "Nos dias de hoje, aqui no Brasil, passamos por momentos políticos não tão bons. O povo está clamando por mudanças também e essa fase em que prestamos a homenagem assenta como uma luva...atemporal", aponta.
Quem escutar as versões feitas pelos Urbana Legion não demorará a descobrir que são maiores as diferenças do que as semelhanças. A intenção, adianta Egypcio, "foi de respeitar os originais", mas fazendo com a nossa marca, o nosso ADN, uma Legião mais nervosa". Acima de tudo, quiseram evitar comparações, porque os Legião Urbana "são eternos e únicos".
A vinda a Portugal não está ainda definida, embora os membros do grupo acalentem esse desejo secreto. "Sabemos que a Legião tem muitos fãs aí!", remata Egypcio.