A literatura sempre foi um tema recorrente na conceção da minha pintura, dos meus desenhos e dos meus objetos.
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O Manuel António Pina - e a sua obra -, além de ser uma inesgotável fonte que se poderá comparar a uma grande roldana na significativa engrenagem da criação, era um amigo. Um amigo e, mais do que tudo, grande admirador daquilo que eu ia produzindo. Tinha sempre, na ponta da língua, uma palavra de incentivo.
Recordo as longas noites, madrugada fora, quando o Manuel António Pina, no meu ateliê, via e revia as minhas pinturas (as telas e as paletas) e os montes de desenhos que eu ia acumulando. Atento observador e crítico, era a ele a quem, na maioria das vezes, recorria para lhe solicitar a escrita dos textos dos catálogos das exposições. Nunca me disse que não.
Esta exposição é uma pequena viagem cúmplice, a preto e branco ou a cores, ao imenso universo de um grande homem, que, apesar de ter partido há pouco tempo, me deixa já muitas e muitas saudades.