Batidas quebradas em dose dupla, uma tragédia portuguesa de regresso ao grande ecrã, memórias do afrofuturismo e a vingança boa das drag queens.
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Muito drum'n'bass tem a capacidade prodigiosa de sintetizar estímulos aparentemente contraditórios num corpo indivisível: ritmos quebrados, como que presos numa máquina de flippers, e tapetes ambientais cristalinos que flutuam diversos quilómetros acima do solo. Uma amálgama com propriedades curativas, a que o projeto canadiano Healion alude no seu nome e concretiza no novo EP "In light, it undoes nothing..."
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Começa hoje e estende-se até domingo 9 o 5L Festival Internacional Literatura e Língua Portuguesa. Acontece em Lisboa e inclui debates, concertos, filmes, exposições. No que diz respeito às imagens em movimento, a ação concentra-se no Cinema Ideal, que apresenta o ciclo Filmar Literatura, que inclui cinco filmes, a maioria clássicos que integram o imaginário popular. A abrir o ciclo, às 18.15 horas, está "Uma abelha na chuva", realização de Fernando Lopes a partir do livro homónimo de Carlos de Oliveira. Com rodagem iniciada em 1968, antestreia em 71 e chegada às salas um ano depois, lida com um casal em colapso - Maria dos Prazeres, num desempenho de Laura Soveral; e Álvaro Silvestre, encarnado por João Guedes - e toda a maré de ciúmes, intriga, boatos e vinganças que rebenta em tragédia. Também com Zita Duarte, Ruy Furtado, Carlos Ferreira e Adriano Reys. O ciclo prossegue com "Apocalypse now - Final cut" (dia 6), "Galinha com ameixas" (7), "Bruscamente no verão passado" (8) e "Blow-up - História de um fotógrafo" (9).
O escritor americano Henry Dumas partiu cedo, aos 33 anos, ano 1968, baleado por um polícia numa estação de metro em Nova Iorque. Foi um dos pioneiros do afrofuturismo e, no momento em que a coletânea de história "Echo tree", a revista "The Baffler" relembra o seu percurso.
Na Austrália, bem lançada na fuga à peste da covid-19, os espetáculos de drag queens estão em franco crescimento. Uma explosão analisada pela revista "The Face".
A fechar, regresso ao drum'n'bass, numa mutação ligeiramente diferente, cortesia do londrino Social State. No álbum "Sacrosanct" recua-se às origens mais cruas do género, o jungle, lançando a viatura numa viagem pelo caldeirão cultural da capital inglesa. O vídeo, dadas as circunstâncias, aperta o coração.
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