Primeiro dia do evento que traz rock com sotaque do norte arrancou com casa a meio gás. Trabalhadores do Comércio apostaram na apresentação do novo álbum, “Objecto”.
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Para os espectadores mais desatentos ou para muitos que, indiferentes ao início do concerto, se mantinham de olhos colados nos telemóveis, pode ter passado despercebido, mas os primeiros momentos do Rock à Moda do Porto desta sexta-feira abriram a cair.
Para Sérgio Castro, rosto central dos Trabalhadores do Comércio, a expressão aplicou-se literalmente. A banda ia ainda na segunda faixa quando um cabo elétrico, pregando uma partida, fê-lo cair. De costas, tão rápido atingiu o chão como se levantou, prosseguindo a música com um desenvencilhar natural de quem tem uma experiência de décadas e de quem não tem em si nada de presunçoso.
Momentos a seguir, o acontecimento, que parece não ter tido consequências de maior, senão uns aplausos e urras de força vindos do público, levou a risos e brincadeira em palco, num claro à-vontade do vocalista e guitarrista com a sua idade. “Nesta fase da vida costumamos dizer que, se cairmos, não nos levantamos. Afinal ainda me levanto.” E levantou-se.
Os Trabalhadores do Comércio continuaram um concerto que, apesar de ter começado com mais de 30 minutos de atraso face ao horário programado e com um cenário a meio gás, sendo mais o espaço por ocupar no Pavilhão Rosa Mota do que aquele pisado (ou sentado) por espectadores, foi aquecendo. Ainda assim, o público nunca se mostrou efusivo ou abertamente participativo, provavelmente porque a banda do Porto deixou de fora da setlist os “hinos”.
O concerto, com mais de uma hora de duração, contou, na maioria, com músicas do novo álbum, “Objecto”, gravado mais de dez anos depois do anterior trabalho. “Cantar de Emigrassom”, “Os Bampiros” ou “Micas Bidente” foram parte dos novos temas da banda que mais comentários (e risos) fomentaram entre o público, quão inusitadas são algumas letras.
A queda de Sérgio Castro não foi o único momento insólito do arranque desta noite de sexta-feira. Já perto do final, a interpretação da vocalista Daniela Costa, na faixa “Estou Louca”, assemelhou-se a uma peça de teatro apresentada na escola. Entrando de camisa de forças vestida, com uma voz arrastada e entre risos, houve, no público, quem tivesse levado com água mandada, num movimento de loucura, pela cantora, a partir do palco.
Os Trabalhadores do Comércio contaram com a presença, em palco, de Álvaro Azevedo, baterista e criador original, junto com Sérgio Castro, do grupo. Esta noite sobe ainda a palco Pedro Abrunhosa, que encerrará o primeiro dia de Rock à Moda do Porto, na Super Bock Arena, no Porto.