Novo drama dos irmãos Jean-Marie e Arnaud Larrieu, "O romance de Jim", deu ao ator Karim Leklou o César 2025 de melhor ator. Estreia esta quinta-feira nos cinemas.
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Na paisagem diversa do cinema francês contemporâneo, os irmãos Jean-Marie e Arnaud Larrieu são uma ilha verdadeiramente à parte. Seria até mais adequado considera-los uma “montanha” à parte, pelo facto de que, nascidos nos Pirenéus, boa parte das suas histórias decorrem precisamente nessa região.
É também numa montanha, no caso a montanha de Jura, que se passa “O romance de Jim”, um dos filmes mais doces e delicados, apesar dos temas que aborda, a que podemos assistir estes dias.
A estreia é oportuna: Karim Leklou acabou de vencer o prestigiado César – o “Oscar francês” – de melhor ator, precisamente pelo seu trabalho neste filme. Só mesmo quem tem estado distraído é que ainda não reparou neste espantoso ator, um homem simples, agradável no contacto, e cheio de talento, apesar de não se inscrever em nenhuma das categorias de beleza e presença física de onde as grandes estrelas de cinema são normalmente oriundas.
No filme, Leklou é Aymeric, um homem que acaba de sair da prisão por um crime menor e que reencontra Florence, que conhecera anos antes, quando ambos trabalhavam num supermercado. Ela está grávida de seis meses, mas os dois apaixonam-se e vivem uma existência feliz e tranquila numa pequena localidade montanhosa, na companhia do pequeno Jim. Só que, anos mais tarde, o pai biológico da criança aparece...
Como sempre sucede nos irmãos Larrieu, o filme fala de gente simples. E da questão da paternidade. Consegue fazê-lo de uma forma delicada e sensível, apesar da perda, das voltas que a vida dá, do que se ganha e do que se evapora na passagem do tempo.
Lúcido e comovente, é um filme que nos toca. E que é banhado pela prestação maravilhosa de Karim Leklou, tendo ainda ao lado a experiência também luminosa de Laetitia Dosch.
“O romance de Jim” é uma joia que merece ser descoberta nas salas de cinema.