Fernando Daniel foi o culpado das lágrimas e abraços desamparados no terceiro dia do festival. Antes, a exaltação emocional foi para o lírico Pablo Alborán e para as bailarinas de J Balvin.
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O romantismo tomou conta do recinto do Meo Marés Vivas, no último dia do festival no antigo Parque de Campismo da Madalena, em Gaia. O grande culpado da onda romântica foi o português Fernando Daniel, que muito agradeceu ao público e à organização por lhe permitirem estar num palco principal, depois de já ter atuado no secundário.
“Casa” tema com um mês, do novo álbum “VHS volume I”, demonstrou que a sua carreira é feita de sólidos degraus e que tem um público, muito fiel, que o acompanha desde os primeiros temas. “Melodia da saudade”, tocado a solo ao piano, um dos temas mais antigos dedicado ao avô, pôs o público a chorar como ele pedia.
Êxitos como “Tal como sou”, “Voltas” e “Prometo,” dedicada à filha, deixaram o recinto abraçado a entoar as suas canções, como se de repente todo o público precisasse de conforto emocional e de uma espécie de abrigo para a dor.
A noite anterior, a segunda do Marés Vivas, no sábado, já tinha aquecido o ambiente para uma certa melancolia que veio servida pelo lírico espanhol Pablo Alborán. Autor de temas de amor capazes de deixar os espectadores de lágrima no olho e um excelente músico (tocou cajón, guitarra e piano) e vocalista superior, como comprovou no seu concerto.
Melancolia ativada
Mas a grande festa foi servida pelo colombiano J Balvin, com um apetitoso prato de reggaeton salteado de pop e salsa - e um excesso de luxúria das oito esbeltas e turbulentas bailarinas que o rodeavam. “Rojo”, “Mi gente” e êxitos dos temas com Rosalía (“Con altura”) e com Bad Bunny (“La cancíon”), transformaram o fervente recinto uma hiperdiscoteca.
Talvez também contaminado pelo romantismo, Balvin fez um discurso para os latinos e todos os que estão longe das suas casas. Incitou-os a lutarem pelos seus sonhos e a acreditarem que vai correr tudo bem. E também informou que estaria a precisar de uma namorada em Portugal...
Exotismo antípoda
Este domingo, na última tarde do festival, o exotismo do australiano Xavier Rudd também trouxe um novo ambiente e público ao Marés. Descalço e com a bandeira aborígene hasteada, deu um concerto de “one man show”, em que tocou a solo e cantou todos os temas, passou pelo didgeridoo, bateria, guitarra e ainda veio acompanhado de um indígena que fez uma performance com boomerangs. “Follow de sun” foi o tema mais participado, assim como as versões de Bob Marley que enfumararam o público e o espetáculo.
A encerrar o festival ainda tocariam os irlandeses The Script, no primeiro concerto sem o guitarrista Mark Sheenan, falecido subitamente em abril, e os Black Eyed Peas, a quem era dedicada a lona do dia, na entrada do recinto, com a promessa a letras gigantes: “Tonight’s gonna be a good night”.