Trinta anos depois, "... Morning Glory" continua a não ser genial, mas mantém-se contagiante.
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Em meados dos anos 90, a alegria despreocupada e hedonista pop dos britânicos veio substituir o angustiante existencialista niilista do grunge norte-americano.
"(What's The story) Morning glory?", dos Oasis, catapultou o género e definiu a banda sonora do resto da década. Um álbum simples e simpático que, 30 anos depois, é relançado numa edição especial. A 2 de outubro de 1995, uma emergente banda "indie" de Manchester lançava o seu segundo disco.
"... Morning glory" não mereceu grandes elogios da crítica. Porém, nos dias e semanas seguintes, a reação do público mostrou que tinham subestimado o trabalho dos Oasis. Foi o segundo álbum mais vendido na primeira semana no Reino Unido, só perdendo para "Bad", de Michael Jackson.
Esteve no "top 3" durante sete meses e foi o álbum mais vendido da década. A simplicidade, apontada como uma falha pelos críticos, foi precisamente o que tornou "... Morning glory" num fenómeno. Músicas alegres e cantáveis a plenos pulmões, como "Wonderwall" ou "Don"t look back in anger", rapidamente transportaram os manos Gallagher dos pequenos clubes para estádios e festivais.
E ainda hoje, como se viu este verão, esgotam megaespaços. Trinta anos depois, e mais a frio, é certo que "... Morning glory" não é nenhum primor técnico ou um pináculo criativo e os Oasis nunca sequer chegaram perto de uns Beatles. Mas foram a dopamina necessária para desenlutar uma sociedade ainda deprimida com o suicídio de Kurt Cobain.
Esta edição especial de 30 anos inclui cinco inéditos acústicos e a remasterização dos temas originais. Se já tiver o disco e não quiser gastar dinheiro na reedição, não faz mal. Mas aproveite e volte a ouvir o álbum. Vai ver que ainda sabe cantar as letras de cor.