Agenda cultural de Guimarães tem mais de 50 eventos novos por onde escolher até ao fim de dezembro. Festival Manta é já esta sexta-feira e sábado, está cheio de artistas portugueses e é gratuito.
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Com 33 anos de existência, A Oficina, cooperativa municipal de Guimarães que gere uma série de equipamentos culturais e que é responsável pela programação de artes visuais, artes performativas e artes tradicionais, quer reposicionar-se face ao contexto social - que entretanto mudou. Um dos aspetos que deve alterar, segundo a diretora executiva, Helena Pereira, é a diversificação das fontes de financiamento, para tornar a operação menos dependente dos três milhões de euros de orçamento municipal.
A nova postura foi revelada no lançamento da programação para o novo quadrimestre, de setembro até outubro.
O diretor artístico, Rui Torrinha, vê nos eventuais mecenas que venham, não apenas uma fonte de receita, "mas uma oportunidade de relação". "Combater a vertigem" foi uma das razões que levou A Oficina a optar por apresentar o seu programa em quadrimestres, esclarece Rui Torrinha.
Torrinha fala dos diferentes tempos a que os espaços e artes apelam: "O tempo passado, quando se visita a casa da memória; o presente imediato e irrepetível das artes performativas; e o tempo que se repete quando visitamos o museu uma segunda, terceira vez".
Companhia Útero faz 25 anos
A agenda cultural d"A Oficina tem mais de 50 entradas novas até final do ano. Dos palcos às artes tradicionais, passando pelos museus, há muito para fruir.
Precisamente no museu, neste caso no Centro Internacional de Artes José de Guimarães, de 10 de dezembro a 26 de fevereiro, vai ser possível ver, pela primeira vez fora de portas, a coleção de um dos espaços mais dinâmicos e experimentais em Portugal, a Galeria Zé dos Bois.
No palco, destaque para a companhia Útero, a celebrar 25 anos, que no dia 28 de outubro apresenta no Centro Cultural Vila Flor "Hamlet, L"Ange du Bizarre". Uma peça inspirada no clássico de Shakespeare que, como Hamlet, procura um novo sentido para os que se libertam das amarras sociais e psicológicas. Em Guimarães, Miguel Moreira incorpora a iconografia das Festas Nicolinas nesta peça.
Em ano de centenário do Vitória Sport Clube (22 de setembro), a Casa da Memória não poderia passar ao lado da efeméride. Apesar de o clube fazer parte da exposição permanente, procura agora "novas narrativas que possam dar novos sentidos à exposição "Território e Comunidade".
Tigerman e Rodrigo Leão no Manta
O ritual de abertura da temporada artística, em Guimarães, faz-se com o Manta, um festival pensado para ser o último do ano ao ar livre e o que encerra a temporada de verão. É já amanhã, sexta-feira, e sábado, com um alinhamento inteiramente nacional - embora com estéticas e públicos distintos.
Guimarães sofre de "dores boas" por ter "uma programação cultural muito rica" que obriga os diversos agentes a negociarem as datas. No diálogo entre a Associação Convívio e A Oficina, o Suave Fest acabou por ficar com o primeiro fim de semana de setembro, empurrando o Manta para a frente. "Achamos que fazia mais sentido porque, numa semana, estamos no jardim e na outra estamos a começar a programação nas salas", disse Rui Torrinha, diretor artístico de A Oficina. Todavia, a mudança fez aumentar a probabilidade de chover durante os dias do Manta, como está previsto - por isso, os concertos serão no Centro Cultural Vila Flor.
O festival é gratuito e o cartaz é apelativo. Esta sexta-feira há a loopstation da guitarra de Meta (21.30 horas) e Rodrigo Leão (22.30) com o seu Cinema Project,
No sábado atuam Noiserv (21.30) e Sean Riley com The Legendary Tigerman como convidado (22.30, sábado). Ainda sábado, os Tranglomano (15.30) fundem conceitos, juntado uma concertina a uma banda rock, num concerto para os mais pequenos.